«Outrora havia muitos analfabetos, que
não sabiam ler nem escrever línguas humanas, mas ainda podiam ler e comunicar
os sinais das coisas vivas: o pulsar da terra, os avisos do vento, as
metamorfoses das nuvens, os ritmos das águas, o brilho dos astros, as expressões
das pedras, as emoções das plantas, os sentimentos dos animais, as solicitações
dos espíritos, os fluxos do invisível. Hoje há cada vez menos desses
analfabetos, mas superabundam os analfabetos letrados e diplomados que só sabem
ler, escrever e comunicar palavras (e mesmo assim dificilmente), mas ignoram de
todo as múltiplas línguas e linguagens em que os seres e as coisas do mundo
constantemente nos falam e comunicam. Ser “culto” é muitas vezes o fim da
Cultura.»
Paulo Borges (13/11/2014)
Ver: A (r)evolução do bipedismo
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«Fala-se muito contra o analfabetismo e
ele é, porventura, um grande mal; mas não se repara que há outros
analfabetismos ainda mais graves: o de um especialista de determinada matéria
que nada conhece do que os outros estudam ou o dos que vão morrer inconscientes
do espectáculo em que Deus os jogou.»
~ Agostinho da Silva, Só Ajustamentos
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