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Lech Wilczek |
A polaca Simona
Kossak (1943-2007), PhD em silvicultura, bióloga, ecóloga e activista,
intransigente na defesa da floresta mais antiga da Europa, acreditava que se
devia viver com simplicidade e numa estreita relação com a natureza. Relação
que, no seu caso, fez com que habitasse mais de 30 anos na Floresta Białowieża,
numa cabana de madeira – denominada Dziedzinka –, sem eletricidade ou água
corrente. Um lince dormiu na sua cama e um javali domesticado também viveu sob
o mesmo tecto, entre outros animais que frequentavam a “casa” ou viviam no
exterior da mesma, designadamente dois alces gêmeos – Pepsi e Cola –, os ratos
Alfa e Omega, a ratazana Kanalia, uma cegonha-negra, uma corça, veados,
morcegos e até “grilos de estimação”.
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Lech Wilczek |
A
javali fêmea foi trazida pelo fotógrafo Lech Wilczek e foi graças a este animal
que os dois moradores da cabana geminada – Simona e Lech –, então com “vidas
separadas”, passaram a se conhecer melhor e a gostar um do outro. Antes desse
evento, Simona achava Lech muito convencido e ele tinha uma opinião semelhante
sobre ela. Acabaram por se apaixonar e viver juntos. Wilczek pediu a Simona que
cuidasse do javali, na sua ausência, e depois passou a “emprestar-lhe” o animal.
Ambos começaram, entretanto, a dormir com o javali nas suas camas. Żabka
cresceu e tornou-se uma javali de grandes proporções, mas não deixou, por isso,
de frequentar a cabana onde viveu, durante 17 anos, com o casal de humanos.
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Lech Wilczek |
Simona também teve por amigo inseparável um corvo domesticado, irrequieto e atrevido, que “aterrorizava” as pessoas numa ampla área da Białowieża ao redor da cabana. Korasek, como era chamado, tinha o hábito funesto de roubar os mais diversos objectos e até, por vezes, de molestar e “atacar” humanos. Não admira que Simona fosse chamada de “bruxa”, por (com)viver estreitamente e conversar com os animais, para além de ser a “dona de um corvo-terrorista”! Na verdade, Dziedzinka tornou-se um laboratório zoológico experimental que Simona desenvolveu na qualidade de etóloga – “psicóloga de animais” como gostava de se chamar. Na verdade, Białowieża foi a floresta que lhe serviu de lar e de inspiração, que estudou e defendeu de forma dedicada, que a encantou. A floresta que palmilhou pé-ante-pé, incontáveis vezes, na descoberta dos seus ancestrais segredos.
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Lech Wilczek |
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