quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Simona Kossak


© Lech Wilczek


A polaca Simona Kossak (1943-2007), PhD em silvicultura, bióloga, ecóloga e activista, intransigente na defesa da floresta mais antiga da Europa, acreditava que se devia viver com simplicidade e numa estreita relação com a natureza. Relação que, no seu caso, fez com que habitasse mais de 30 anos na Floresta Białowieża, numa cabana de madeira – denominada Dziedzinka –, sem eletricidade ou água corrente. Um lince dormiu na sua cama e um javali domesticado também viveu sob o mesmo tecto, entre outros animais que frequentavam a “casa” ou viviam no exterior da mesma, designadamente dois alces gêmeos – Pepsi e Cola –, os ratos Alfa e Omega, a ratazana Kanalia, uma cegonha-negra, uma corça, veados, morcegos e até “grilos de estimação”. 


© Lech Wilczek


A javali fêmea foi trazida pelo fotógrafo Lech Wilczek e foi graças a este animal que os dois moradores da cabana geminada – Simona e Lech –, então com “vidas separadas”, passaram a se conhecer melhor e a gostar um do outro. Antes desse evento, Simona achava Lech muito convencido e ele tinha uma opinião semelhante sobre ela. Acabaram por se apaixonar e viver juntos. Wilczek pediu a Simona que cuidasse do javali, na sua ausência, e depois passou a “emprestar-lhe” o animal. Ambos começaram, entretanto, a dormir com o javali nas suas camas. Żabka cresceu e tornou-se uma javali de grandes proporções, mas não deixou, por isso, de frequentar a cabana onde viveu, durante 17 anos, com o casal de humanos.


© Lech Wilczek


Simona também teve por amigo inseparável um corvo domesticado, irrequieto e atrevido, que “aterrorizava” as pessoas numa ampla área da Białowieża ao redor da cabana. Korasek, como era chamado, tinha o hábito funesto de roubar os mais diversos objectos e até, por vezes, de molestar e “atacar” humanos. Não admira que Simona fosse chamada de “bruxa”, por (com)viver estreitamente e conversar com os animais, para além de ser a “dona de um corvo-terrorista”! Na verdade, Dziedzinka tornou-se um laboratório zoológico experimental que Simona desenvolveu na qualidade de etóloga – “psicóloga de animais” como gostava de se chamar. Na verdade, Białowieża foi a floresta que lhe serviu de lar e de inspiração, que estudou e defendeu de forma dedicada, que a encantou. A floresta que palmilhou pé-ante-pé, incontáveis vezes, na descoberta dos seus ancestrais segredos.


© Lech Wilczek


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