sexta-feira, 16 de julho de 2021

PERCURSOS DE LONGO CURSO

 




Nas próximas duas semanas, vou regressar às abordagens teóricas sobre optmização do desempenho em Percursos Pedestres de Longo Curso. Um primeiro workshop, no dia 22 de Julho, irá explorar algumas estratégias de progressão rápida e (ultra)leve e um segundo workshop, no dia 27 de Julho, versará estratégias de gestão do desempenho com enfoque na saúde e bem-estar.

No primeiro workshop será dada uma especial atenção ao incremento da eficácia a nível da rapidez de progressão, designadamente através da redução significativa do peso do equipamento a transportar, sem prejudicar as necessidades a satisfazer. No segundo workshop serão abordadas diversas opções técnicas, metodológicas e estratégicas a implementar por praticantes de pedestrianismo que pretendam iniciar-se ou melhorar o seu desempenho em percursos de longo curso, mediante o incremento da eficácia através de uma adequada preparação (a nível do treino e dieta desportiva) e de uma apropriada gestão das actividades (no que concerne o esforço, a alimentação/hidratação e as lesões).

Ambas as iniciativas, em regime de e-learning, são organizadas pelo Centro de Formação da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal/Escola Nacional de Montanhismo (CF-FCMP/ENM), sendo pensadas e dirigidas prioritariamente aqueles que pretendem empreender Grandes Rotasâ, caminhos de peregrinação ou outros percursos de várias jornadas com um desempenho adequado.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CUIÇA, Pedro. Passo a Passo – Manual de Caminhada e Trekking. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2015, pp. 312.978-989-626-721-6 ISBN




sexta-feira, 9 de julho de 2021

A Montanha e/é o Céu

 

O REGRESSO

As minhas narinas deleitaram-se em respirar de novo a liberdade montanhesa! O meu nariz libertou-se afinal de todos os mofos das coisas humanas. (p. 208)

 

PC © a Montanha do Pico


ANTES DA AURORA

Ó céu por cima de mim, ó pureza, ó profundeza! Ao contemplar-te estremeço de desejos divinos.

Elevar-me à tua altura – eis para mim a profundidade! Ocultar-me no coração da tua pureza – eis a minha inocência.

(…)

E nas minhas peregrinações solitárias, de que tinha a minha alma fome durante as noites e pelos caminhos do acaso? E quando eu escalava montes, a quem procurei sempre nessas montanhas, senão a ti? E todas essas peregrinações, e todas essas ascensões de montanha, que eram senão um expediente e uma maneira de iludir a minha impotência? O que eu queria era voar, voar em ti. (p. 181-182)

PC © o Céu sobre o Monte da Caparica (9/07/2021)


DO ESPÍRITO DE GRAVIDADE

Na verdade, também aprendi a esperar, mas a esperar-me a mim mesmo. E sobretudo aprendi a estar de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar, a dançar. Porque tal é a minha doutrina; se quisermos aprender um dia a voar, é preciso começar por aprender a estar de pé, a caminhar, a correr, a saltar, a trepar, a dançar.

Para aprender a voar não basta um único golpe de asa.

Aprendi a escalar mais de uma janela com escadas de corda; subi mastros elevados com pernas ágeis; escarranchado nos elevados mastros do Conhecimento, experimentei uma felicidade muito apreciável.

As chamas errantes que se acendem no alto dos mastros não passam de um pequeno clarão, mas que grande consolo para todos os navegadores perdidos ou naufragados.

Tomei por muitos caminhos e servi-me de muitos meios para chegar à minha verdade, servi-me de mais de uma escada para chegar à altura de onde o meu olhar percorre os longínquos espaços.

E foi sempre contrariado que perguntei o meu caminho, sempre isso me repugnou. Prefiro interrogar os próprios caminhos e experimentá-los.

Experimentar e interrogar é a minha maneira de avançar, e na verdade é também necessário aprender a responder a semelhantes perguntas. É esse o meu gosto.

Esse gosto não é bom nem mau, é o meu gosto; não tenho vergonha dele e não faço mistério.

«Eis o meu caminho; e vós, onde está o vosso?» É o que respondo aos que perguntam o «caminho». O caminho, com efeito, não existe. (p. 218-219)


PC © voltei a vestir a Camisola da Montanha (9/07/2021)



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falava Zaratustra. Lisboa: Guimarães Editores, 1985, pp. 376.