sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Perder o Paraíso

 «Caminhar todos os dias nos Walthamstow Marshes, uma zona verde grande e aberta ao lado de um canal, para ver peneireiros, as desgrenhadas garças-reais e os botões dourados das atanásias fazia-me sentir segura. Tornou-se a minha desintoxicação: suavizava a minha rudeza e voltou a colar os meus cacos. As caminhadas eram reconfortantes – eu voltava para o meu apartamento com a mente calma e o espírito leve – e também emocionantes, devido à vida selvagem e à variedade de cores que eu podia encontrar. O céu era diferente todos os dias.» (p. 24)

 

«Eu sabia antecipadamente que caminhar junto ao mar ou no bosque era uma coisa agradável, capaz de fazer com que as pessoas se sentissem calmas e relaxadas. Eu sabia vagamente que fazer exercício ou uma caminhada com amigos era bom para a saúde mental. Por vezes, fazia isso mesmo quando me sentia em baixo. Mas não tinha consciência de que a essência disso – a geometria, os cheiros, os sons, as cores e as texturas – poderia ter um poder transformador tão grande.» (p. 27)

 

«Quanto mais lia, caminhava e escutava, mais tomava consciência: se perdermos a nossa relação com o mundo natural, poderemos, de certo modo, estar a perder uma parte de nós mesmos e uma profunda experiência psíquica de que todos precisamos. Precisarão os seres humanos do tónico da natureza para serem felizes? Precisaremos dos bens e serviços da natureza não só para nos mantermos vivos fisicamente, mas também a um nível mental, emocional e espiritual?» (p. 29)

 



Livro:

Jones, Lucy. 2023. Perder o Paraíso – As nossas mentes precisam da natureza. Lisboa: Temas & Debates/Círculo de Leitores, pp. 264. ISBN 978-989-644-729-8


Sem comentários:

Enviar um comentário