Percursos pedestres e educação ambiental
O contacto directo com a natureza é uma das melhores formas de
promover a educação ambiental. As áreas protegidas são os destinos mais
procurados por professores e monitores.
A educação ambiental terá como objectivo primordial envolver os
cidadãos na problemática da sua qualidade de vida, actual e futura, no
conhecimento do meio que os rodeia – o que existe e as suas inter-relações.
Ora, nada melhor do que o contacto directo com a natureza para atingir os fins
a que a educação ambiental se propõe. Os percursos pedestres serão pois, nesta
linha de ideias, uma ferramenta de grande utilidade na sensibilização dos
indivíduos face ao meio ambiente.
No nosso País, desde há vários anos que clubes, escolas, associações
ambientalistas, entre outras instituições, promovem “visitas de estudo” no
âmbito da educação ambiental. Os professores das disciplinas da área das
Ciências Naturais têm programado visitas cujos trajectos são feitos a pé.
Clubes ou outras organizações com secções de ar livre promovem percursos
pedestres, sobretudo de carácter desportivo mas também de educação ambiental.
Associações culturais realizam passeios e visitas em que o contacto com a
natureza e os percursos pedestres passaram a ser dominantes.
Em Portugal já existem percursos assinalados no terreno. No entanto,
muitas vezes, foram delineados não tendo em conta os impactes sobre o ambiente
pois não existem estudos que permitam a quantificação dos mesmos. Outros há, os
designados percursos de interpretação, especificamente pensados para que os
participantes conheçam os sistemas naturais de determinada região e
paralelamente se conserve o meio.
As áreas protegidas são os destinos mais procurados por professores
e/ou monitores para a realização de percursos de educação ambiental, já que
geram mais expectativas no que concerne à qualidade do ambiente. Essas áreas
apresentam um vasto potencial educativo mas o objectivo da Educação Ambiental –
a preservação das espécies e dos sistemas naturais e semi-naturais que lhes
servem de suporte – poderá degenerar no efeito oposto. Levar pessoas a esses
locais de grande valor ecológico ou paisagístico poderá contribuir para
aumentar os factores de perturbação dos ecossistemas e/ou desfigurar a
paisagem. Se algumas áreas protegidas podem receber uma carga de visitantes
elevada, em certos locais pontuais ou trajectos determinados, outras são muito
frágeis no que respeita à presença humana.
Durante os passeios, o hábito de se recolherem flores, rochas,
fósseis, estalactites ou outros souvenirs,
muitas vezes estimulado por professores e monitores, revela-se uma prática
bastante contestável: essas “colheitas” são responsáveis pela delapidação do
património natural.
O interesse dos sítios mais procurados para a realização de percursos
de educação ambiental reside justamente na qualidade do ambiente que
apresentam, daí o extremo cuidado que se deve ter ao planar e realizar esse
tipo de actividades. Caso se empreendam visitas em áreas protegidas será
conveniente contactar os órgãos gestores desses espaços. A recolha de
informações acerca dos locais, pertencentes ou não à Rede Nacional de Áreas
Protegidas, será fundamental para que as visitas ganhem em conteúdo e não
colidam com a conservação da natureza.
(Pedro Cuiça – FORA DE PORTAS – jornal Forum Ambiente . nº 107 .
13/Dez. 1996)
© RJ (2005)
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