terça-feira, 24 de setembro de 2019

O brilhozinho nos olhos


DR © PNSAC (2003)

DR © PNSAC (2003)

Há 16 anos consecutivos que regressamos anualmente, por vezes mais de uma vez ao ano, ao Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) para realizar acções de formação na área do Pedestrianismo/Percursos Pedestres, designadamente cursos de “Monitores” e, posteriormente, de “Treinadores”, tal como Jornadas Técnicas, entre outras iniciativas. A primeira vez, em 2003, estive no papel de formando, no primeiro Curso de Monitores de Pedestrianismo, ministrado numa parceria entre a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), a Federação Espanhola de Desportos de Montanha e Escalada (FEDME) e a Federação Francesa de Randonnée Pedestre (FFRP). Uma oportunidade única de assimilar conhecimentos e adquirir competências através de entidades e de pessoas com décadas de experiência(s) na área, mormente os formadores Juan Mari Feliu e Yves Lesperat.

DR © Juan Mari Feliu e Yves Lesperat (Lisboa, 2004)

Depois, já como formador, tive a grata oportunidade de participar em mais de duas dezenas de iniciativas pedagógicas, compartilhadas com diversos companheiros (Monitores/Treinadores) e mais de uma centena de formandos que se tornaram, por sua vez, Quadros Técnicos na área do Pedestrianismo.
Os cursos realizados, em regra no último trimestre do ano para apanhar condições meteorológicas com chuva e/ou com nevoeiro, saldaram-se numa troca de experiências invariavelmente profícuas. O lema era/é: se os “Monitores” são testados na gestão/condução de grupos sob condições meteorológicas adversas e/ou nocturnas terão certamente bons desempenhos, por maioria de razões, em circunstâncias favoráveis. Esses “Monitores” eram e são preparados para mais do que passeios ou simples caminhadas… Os formandos eram/são sujeitos a diversos desafios e outra das “ideias-chave” era/é: os “Monitores” devem resolver problemas e não gerar problemas sobre problemas. A exigência imprimida nos cursos ministrados, nomeadamente no âmbito da orientação (posicionamento e navegação terrestre), foi sempre uma constante, tal como o desenvolvimento de profundos laços de amizade/companheirismo que surgiram naturalmente no decurso dos mesmos. Não será, portanto, de estranhar que comecemos a desenvolver uma certa atitude saudosista cada vez que retornamos a estas velhas paragens, lembrando-nos dos inúmeros companheiros com quem literalmente “com-partilhamos o pão”, para além de palmilharmos montes e vales. Seria injusto nomear uma série deles e esquecer algum; no entanto, não poderemos deixar de destacar o Dr. Mário Santos, um Instrutor de Pedestrianismo, insigne médico portuense e amigo, que por diversos anos foi presença constante nestas actividades formativas…
No passado fim-de-semana (20 a 22 de Setembro) estivemos novamente na Serra de Candeeiros e arredores, em mais uma acção de formação. Tal como noutras ocasiões, fomos brindados com chuva/nevoeiro e também tivemos actividade nocturna. Tal como noutras ocasiões houve desafios para superar. Sentimos a falta de “velhos companheiros” e amigos, mas também vimos surgir novas promessas, altamente motivadas e motivadoras, que irão dar certamente excelentes Treinadores. O seu brilhozinho nos olhos anima-nos e será o garante do futuro.
A permanência de uma linha condutora na formação, em progressiva inovação, num dinâmico processo de ensino-aprendizagem, é fundamental para que se processe um desenvolvimento sustentável e sustentado da modalidade de Pedestrianismo e da profissão de Treinador de Pedestrianismo. É fundamental passar o testemunho e dar continuidade ao processo; tal como a Roda do Ano que, ano após ano, trás re-novadas (velhas) estações. É sobre-tudo por isso que também temos saudades do futuro.


Pedro Cuiça © Serra de Candeeiros (PNSAC, 21 de Setembro de 2019)

Pedro Cuiça © Chãos (PNSAC, 21 de Setembro de 2019)

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

D'o retorno


Pedro Cuiça © Baixa (Lisboa, 20/09/2019)

O céu baixo e acinzentado cobre Lisboa; o ar molhado, que intensifica os odores, e a aragem fresca surgem como prenúncios outonais na caminhada matinal de hoje… O peso da mochila confunde-se com a carga atmosférica!
Neste dia em que regressaremos, numa espécie de eterno retorno, à Serra de Candeeiros repetir-se-á a costumeira pluviosidade e muito provavelmente seremos também envolvidos, mais uma vez, por densos nevoeiros. É a Roda do Ano, no seu perpétuo movimento, a provar, no dizer poético, que «o mundo é composto de mudança». E, contudo, não podemos ignorar uma certa e reconfortante constância num regresso circular (ou espiralado?) a novos tempos simultaneamente plenos de conhecidas e similares circunstâncias.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Jornadas Nacionais Pedestrianismo



As XIV Jornadas Nacionais de Pedestrianismo vão decorrer, nos dias 12 e 13 de Outubro em Murça, numa coorganização da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), Parque Natural Regional do Vale do Tua (PNRVT), Câmara Municipal de Murça (CMM) e Naturthoughts (NTN).
As Jornadas Nacionais de Pedestrianismo são um evento de troca de conhecimentos e de experiências entre Treinadores de Pedestrianismo, Técnicos de Percursos Pedestres, especialistas e praticantes.
Esta iniciativa é validada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) como acção de formação contínua para renovação do Título Profissional de Treinador de Desporto em Pedestrianismo – Graus I, II e III. O IPDJ atribui 0.3 Unidades de Crédito (UC) à frequência de cada um dos três painéis temáticos abordados nas Jornadas, num total de 0.9 UC: Painel I - Pedestrianismo e Segurança (código 54121105), Painel II - Percursos Pedestres como Factor de Desenvolvimento de Territórios (código 54121106) e Painel III - Portal FCMP e Turismo de Portugal (código 54121107). 
As INSCRIÇÕES são efectuadas on-line e estão abertas até às 23.59 do dia 8 de Outubro.


A moda dos passadiços


Foto: Passadiço de Serralves (O Jornal Económico)

Até que enfim somos agradavelmente surpreendidos com uma "opinião esclarecida" – mais precisamente um comunicado de imprensa, por parte do FAPAS – fora do pretenso unanimismo em torno dos passadiços do Paiva (e outros fenómenos congéneres), ainda para mais devidamente fundamentada... Já vai sendo tempo de denunciar utilizações, no âmbito do recreio turístico e/ou "desportivo", que pouco ou nada têm de sustentabilidade ambiental. Porque um trilho não é um passadiço e um canyon não é um escorrega de água, entre outros quejandos. Pelo mesmo motivo que uma obra prima não é a prima do mestre de obras ou um bife à milanesa não é o mesmo que um bife sobre a mesa!

Pedro Cuiça © Passadiço de protecção do coberto vegetal face ao pisoteio  (Bélgica, 2007)

Andamos ao invés


Pedro Cuiça © Pessoa(s) no Cais do Sodré (Lisboa, 19/09/2019)

Os passeios pedestres em/por Lis-boa são, regra geral, artísticas walkscapes: escapadelas espácio-temporais nas quais damos (ou são-nos dadas) asas à/para (a) descoberta do imprevisível – descobrirmos ou sermos descobertos – na e pela arte que surge entre-ser(es)… E foi nesta interligação, com base no denominador comum da/desta (ou nesta?) Luz-boa, que fomos hoje, na partida para mais um percurso matinal, interpelados no Cais do Sodré por um artista que nos “revelou” um conjunto de ilustrações de Fernando Pessoa(s)… O resto, por-menor (maior) que não será evidentemente de somenos, fica entre nós: eu e ele (?). D’a ilustração que me foi ofertada fica acima a imagem.
Os passeios pedestres surgem pois, para nós, quasi que invariavelmente, como uma  possibilidade de fractura ou quebra do tecido cósmico, da inconsciente  rotina do dia-a-dia e/ou da consciente superficialidade alienante desse mesmo dia-a-dia. É precisamente essa fresta que permite a passagem da Luz – o fazer-se Luz – nos dias que correm; nos quais, melhor seria dizer, andamos ao invés de sermos andados.


Pedro Cuiça © Alfama (Lisboa, 19/09/2019)

Pedro Cuiça © Alfama (Lisboa, 19/09/2019)

Pedro Cuiça © Alfama (Lisboa, 19/09/2019)

Pedro Cuiça © Alfama (Lisboa, 19/09/2019)

Pedro Cuiça © Alfama (Lisboa, 19/09/2019)

Pedro Cuiça © Alfama (Lisboa, 19/09/2019)

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

LISBON WALKS

Pedro Cuiça © Da Graça (Lisboa, 18/09/2019)


Pedro Cuiça © Apeado no Beco dos Cavaleiros (Lisboa, 18/09/2019)


Um passeio pedestre matinal: "só faz bem e não faz mal"! E este já ninguém me tira. Mais logo há mais...


Pedro Cuiça © Calçada de Santo André (Lisboa, 18/09/2019)


Pedro Cuiça © Calçada de Santo André (Lisboa, 18/09/2019)

Pedro Cuiça © Calçada de Santo André (Lisboa, 18/09/2019)

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O Périplo


Este ano rumámos, em meados de Agosto, ao norte da Península Ibérica e mais além, para um périplo na Catalunha e Occitânia, em torno de uma temática digamos… “religiosa”! Umas férias também ou essencialmente pedestres nas quais palmilhámos caminhos de grande beleza e significado, numa experiência profundamente enriquecedora em família. O Templo Expiatório da Sagrada Família – do genial Antonio Gaudí –, Montserrat, Montségur, Rennes-le-Château  e Pech Bugarach foram alguns dos spots a salientar… Na última quinzena estivemos a-gosto no extremo sul da península, no tradicional regresso às origens, no meu Al-Gharb.


Pedro Cuiça © Templo Expiatório da Sagrada Família (Barcelona, 12/08/2019)

Pedro Cuiça © Montserrat (Catalunya, 13/08/2019)

Pedro Cuiça © Montségur (Occitânia, 14/08/2019)

Pedro Cuiça © Domaine Abbé Saunière (Rennes-le-Château - Langue d'Oc, 15/08/2019)

Pedro Cuiça © Pech Bugarach (Langue d'Oc, 16/08/2019)

Pedro Cuiça © Algures (Pirenéus, 17/08/2019)