quinta-feira, 23 de março de 2023

Tornar presente

 

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Holz [madeira, lenha] é um nome antigo para Wald [floresta]. Na floresta [Holz] há caminhos que, o mais das vezes sinuosos, terminam perdendo-se, subitamente, no não-trilhado.

Chamam-se caminhos de floresta [Holzwege].

Cada um segue separado, mas na mesma floresta [Wald]. Parece muitas vezes, que um é igual ao outro.

Porém, apenas parece ser assim.

Lenhadores e guardas-florestais conhecem os caminhos. Sabem o que significa estar metido num caminho de floresta.

(p. 3)

 

“Ciência da Experiência da Consciência” reza o título que Hegel coloca no frontispício da obra aquando da publicação da Fenomenologia do Espírito no ano de 1807. A palavra experiência encontra-se no meio, em letras gordas, entre duas outras palavras. “A experiência” designa o que “a fenomenologia” é. O que pensa Hegel, ao utilizar a palavra “experiência”, realçando-a deste modo?

(p. 141)

 

O sujeito essência-se na referência de representação do objecto. Mas, enquanto esta referência, o sujeito é já a referência a si representativa. O representar [das Vorstellen] presentifica [präsentiert] o objecto, na medida em que o representifica [repräsentiert] ao sujeito, em cuja representificação [Repräsentation] o próprio sujeito se presentifica enquanto tal. A presentificação [Präsentation] é a principal característica do saber, no sentido da autoconsciência do sujeito. A presentificação é um modo essencial de presença [Präsenz] (παρονσία). Enquanto esta, quer dizer, enquanto o-estar-presente, é o ser do ente do género do sujeito. A certeza de si, enquanto o condicionado em si, é a entidade (ούσία) do sujeito. O ser subjectivo do sujeito, quer dizer, da referência sujeito-objecto, é a subjectividade [Subjektität] do sujeito. A subjectividade consiste no saber incondicionado de si. A essência do sujeito é constituída no modo do saber de si, de tal forma que o sujeito, para ser enquanto sujeito, se torna constituído apenas com essa constituição, apenas com este saber. A subjectividade do sujeito, enquanto certeza absoluta de si, é “a ciência”. O ente (τό δν) é enquanto ente (ή δν), na medida em que o é no modo de saber incondicionado de si do saber. Por isso, a apresentação que representa este ente enquanto ente, a filosofia, é ela mesma a ciência.

(pp. 159-160)

 

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- Presente(AR)


LIVRO

HEIDEGGER, Martin. 2012. Caminhos de Floresta. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2ª ed..



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