segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Escolas de Ar Livre


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A leitura da edição deste mês da revista Montagne360 suscitou a nossa especial atenção para uma pequena notícia sobre a realização, no dia 6 de Abril, do primeiro seminário para professores e gestores de escolas primárias ao ar livre, a decorrer em Itália.

«Nonostante l’insegnamento all’aperto abbia profonde origine storiche che risalgono a oltre un secolo fa, il modo di far lesione è profondamente cambiato nel tempo. Eppure, nonostante molti istituti scolastici svolgano lezioni in aula, sta parallelamente fiorendo un interesse diffuso verso la straordinaria opportunità di svolgere scuola all’aperto. E così si moltiplicano le esperienze e, com loro, anche l’interesse degli enti, degli istituti e delle famiglie nei confronti di questa esperienza che permette a ragazzi e bambini (in particolar modo quelli che frequentano nidi e scuole d’infanzia) di tornare a vivere (e imparare) in un ambiente naturale. Accade in montagna, certo. Ma anche nelle città che valorizzano la presenza di Boschi, parchi e giardini. Con queste premesse il Comune di Lucca, la Rete nazionale delle scuole all’aperto e l’Istituto compreensivo capofila IC12 di Bologna hanno promosso il primo seminario nazionale degli insegnanti e dei dirigenti delle scuole primarie all’aperto. L’appuntamento è per sábado 6 aprile próprio a Lucca, nella storica sede del Real Collegio (Piazza del Collegio, 13). Sarà l’occasione per approfondire la tematiche legate a educazione e natura. Ma a Lucca s’incontreranno anche insegnanti, dirigenti scolastici, formatori, ricercatori, facilitatori e referenti istituzionali provenienti da tutta Italia. La scheda d’iscrizione e il programma dell’incontro, che sarà accreditato e offrirà punti per la formazione, saranno pubblicati sul sito scuoleallaperto.com.» [Montagne360, Fev. 2019: 8]

O crescente afastamento da natureza e dos espaços de ar livre, o aumento do sedentarismo e da vivência de espaços virtuais e/ou fechados, por parte dos adultos em geral e das crianças e jovens em particular, é algo que assume proporções preocupantes e que, por isso, tem sido alvo de variados e recorrentes alertas e propostas com vista à sua mitigação ou resolução. Os estudos e iniciativas surgem em diversos países não só europeus como noutros continentes, com particular destaque para a Noruega, Suécia, Japão e Estados Unidos, entre outros. Nesse contexto, Portugal também merece uma menção tendo em conta, mormente, o trabalho realizado por Carlos Neto, professor da Faculdade de Motricidade Humana (FMH), que se dedica há mais de quatro décadas à investigação sobre a actividade física/desporto, desenvolvimento e ecologia da criança. Essa área tem sido alvo da abordagem de diversos estudos portugueses mas torna-se, cada vez mais, evidente e imperiosa a necessidade de passar à prática, na medida inversa do abandono das brincadeiras e jogos de rua. Simultaneamente a destruição, a passos largos, de ambientes naturais e semi-naturais, a par de alienantes vivências virtuais, aporta não só à já tradicional retórica da “conservação da natureza” mas exige, sobretudo, renovadas posturas proteccionistas não só de naturezas pristinas (!), onde as houver, mas também de efectivas formas de rewilding e, ademais, de novas formas ancestrais de ser/estar/pensar. Ao estilo Pessoano, só aparentemente paradoxal, das “saudades do futuro”... Neste contexto, é de realçar o papel importantíssimo que os movimentos esco(u)tista e campista tiveram, e continuam a ter, no que concerne ao contacto com a "natureza" e a prática de actividades de ar livre. No entanto, pensamos que os dias que correm e os desafios a curto/médio prazo exigem renovadas e motivadoras abordagens com grande enfoque na livre recreação das crianças e jovens, com base em processos de ensino-aprendizagem na "natureza" que potenciem a sua auto-organização, responsabilização e são desenvolvimento.
A sensibilização e educação ambientais são primordiais na implementação de autênticas mudanças de paradigmas, rumo a existências verdadeiramente sustentáveis. A mudança passa inevitavelmente por práticas simples e naturais, de ar livre. E, nesse pressuposto, o acto multifacetado de andar a pé terá indubitavelmente uma importância tão basilar quanto incontornável.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Montagne360 – La revista del Club alpino italiano. Bolonha, nº 77, Fevereiro 2019, pp. 80.

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