sexta-feira, 8 de junho de 2018

Companheirismo


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O pedestrianismo iniciou-se e desenvolveu-se, durante décadas, exclusivamente no seio do associativismo. Essa actividade começa a ser praticada em Portugal, no final do século XIX, entre amigos e pouco depois, no começo do século XX, no seio de clubes. Os pioneiros desse desporto pedestre foram os movimentos escotista e campista que se dedicaram de forma afincada, desde a sua origem, aos raids e às marchas.1
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O livre associativismo pedestre
Não será por acaso que os praticantes, no movimento associativo, se tratam por «companheiros», numa manifesta expressão do significado etimológico de partilha do pão. Mas, nesta actividade partilha-se muito mais do que o pão (mesmo no seu sentido simbólico), vivenciam-se experiências que só as longas horas ao ar livre e a verdade dos elementos naturais permitem. Dificilmente existirá outra actividade tão abrangente em termos etários e tão democrática no tocante à sua capacidade agregadora de indivíduos, independentemente do seu estrato social ou da sua capacidade económica, física e/ou mental. Por isso, esta actividade é amplamente inclusiva no que se refere a «públicos especiais»: crianças, idosos, grávidas, pessoas portadoras de deficiência, entre outros. Acresce ao referido que o pedestrianismo pode e deve ser praticado em grupos formais ou informais, de (des)conhecidos, de amigos e/ou familiares, (…) com manifestas mais-valias no que respeita à convivialidade e à sociabilidade, fortalecendo deste modo os laços de camaradagem e de companheirismo. De há décadas a esta parte que se vem falando da crise do associativismo, fenómeno que mais não será do que a expressão da própria crise de valores em que a sociedade se vê emersa. Nesse contexto, será importante equacionar qual o actual e o futuro papel do associativismo na prática de pedestrianismo. Quais os desafios que o século XXI apresenta?
[CUIÇA, 2015: 43-45]

© Algures na Net

NOTAS
1- A Associação dos Escoteiros de Portugal (AEP), fundada em 1913, e, posteriormente, o Corpo Nacional de Escutas (CNE), em 1923, contribuíram significativamente para a implementação do campismo desportivo no país, destacando-se entre as suas actividades as caminhadas. Os primeiros grupos de campistas surgiram na década de 1920 e a Federação Portuguesa de Campismo (FPC) foi fundada em 1945. Esta federação e os clubes seus filiados também se dedicaram à prática de marcha. A actual Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal (FCMP), por via da Utilidade Pública Desportiva (UPD), é a entidade que tutela a prática de pedestrianismo e a homologação de percursos pedestres GR® [Grande Rota®e PR® [Pequena Rota®]. [CUIÇA, 2015: 299]

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CUIÇA, Pedro. Passo a Passo – Manual de Caminhada e Trekking. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2015, pp. 312. ISBN 978-989-626-721-6



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