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«O Cavaleiro* é um viajante solitário através de um grande tabuleiro
de xadrez, de sucessivos negros e brancos, símbolo do Universo, como acontece
quando andamos na floresta durante o dia ou numa noite de luar e vemos as
sucessivas manchas claras e escuras reflectidas sobre o nosso caminho
florestal. Olhar para essas densas manchas claro-escuras enquanto caminhamos,
desencadeia ao fim de algum tempo um estado de transe profundo, como eu próprio
apurei regularmente. Os nossos sentidos físicos começam a ver o que
habitualmente não vemos, quando tudo é uma mancha infinita zebrada de luzes
monótonas.»
[LASCARIZ, 2017: 236]
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«No processo de retiro na floresta, a ascese de aniquilação do ego
passa pela recentragem da consciência racional no plano sensorial, no impacto
directo do que se vê e ouve, fazendo a epochè
husserliana, isto é, suspendendo todas as referências e condicionalismos
culturais que o determinam. Tal e qual como nos processos iniciáticos em que
primeiro ouvimos sem ver e, depois, completamos o que ouvimos com o que vemos.»
[LASCARIZ, 2017: 237]
© Spirit of Old
NOTA
*A noção de Cavaleiro aqui expressa pelo autor é assaz
diferente daquela que, em geral, é propalada: «Os Cavaleiros do Graal não andam
em manada como os Cruzados. São sempre solitários e eremitas. São eremitas em
movimento, nómadas, não eremitas sedentários. [LASCARIZ, 2017: 114]» Ademais, este
Cavaleiro é forestósofo: um neologismo criado por Gilberto de Lascariz para «designar
aquele ou aquela que busca experiências de sapiencialidade espiritual no seio
arbustáceo das florestas» (ibidem,
2017: 73).
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
LASCARIZ, Gilberto de. O Dragão e o Graal – A Via de Vénus e a Magia do Sangue na Tradição. Sintra: Zéfiro, 2017, pp. 480. ISBN
978-989-677-157-7
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