«Quem sou, que assim me caminhei sem ser (…)?»
Fernando Pessoa (1930) [in COSTA, 2012: 15]
«Que parte de mim, que eu desconheço, é que
me guia? (…) / Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.»
Fernando Pessoa (1917) [in COSTA, 2012: 34]
«No pensamento do poeta, deu-se assim como um
movimento que foi mais que um alargamento daquele outro, o da sua nação; mas
antes um seu ultrapassamento, numa inversão
de perspectiva, surgindo diferente da forma do seu conhecimento, que
apreende e pretende conhecer só o real imediato. E procurando somente nele a
verdade desejada, por um conhecimento empírico; o que lhe permitirá exercer o
seu poder sobre esse real; ideal que foi formulado no clímax da sua história e
cultura, pelas palavras do navegador e homem de ciência, Duarte Pacheco: «a
experiência, que é madre das coisas, nos desengana e de toda a dúvida nos tira».
O movimento cognitivo e a procura do poeta mostra-se efectuada por outros caminhos de conhecimento e visando
uma outra finalidade, não científica e pragmática; numa posição à qual este
pensamento nacional é habitualmente estranho; pois que ele procura um outro
mundo para além do real sensível, ultrapassando este pensamento ao qual um
historiador brasileiro, referindo-se aos escritores da época dos
descobrimentos, chamou a «cautelosa e
pedestre razão lusitana». (Sérgio Buarque da Holanda, Visão do Paraíso.)»
[COSTA, 2012: 20-21]
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
COSTA, Dalila Pereira da. O Esoterismo de Fernando Pessoa.
Porto: Lello Editores, 2012, 5ª ed., pp. 256. ISBN 978-972-48-1880-1
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