quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Sint(r)a o lugar da luz

«O destino de alguém nunca é um lugar,
mas sim uma nova forma de ver as coisas.»
Henry Miller

Acrílico sobre madeira: Lima de Freitas  © A Montanha da Lua (1988)

A religião cristã possui três locais considerados santos que, durante séculos, foram alvo de atracção por parte de crentes: Santiago de Compostela, Roma e Jerusalém. (…) O impulso que conduz, na modernidade, a empreender uma peregrinação a pé, nem que seja uma vez na vida, até um lugar longínquo, quantas vezes fora do seu país de origem, não resulta certamente do fenómeno costumaz a que se convencionou chamar «turismo». Este não será mais do que uma tentativa, algo diletante e superficial, de colmatar uma necessidade profunda que se traduz na viagem. Mas, sendo a viagem o meio, o que interessa nestas «matérias de fé» são os fins: «conhecer-nos a nós próprios como parte integrante de um todo de dimensões muito mais vastas do que as da nossa casa, aldeia, cidade ou país».
[CUIÇA, 2015: 31-32]

A geografia do sagrado justificará, per si, o caminhar na paisagem (exterior) em busca de fortes energias telúricas e genius loci, todavia quantas vezes para afinal descobrir, no fechar (ou abrir?) do círculo, que a luz sempre se encontrou no exacto lugar de partida e de chegada: o sacro templo do ser (interior). 


Referência bibliográfica
CUIÇA, Pedro. Passo a Passo – Manual de Caminhada e Trekking. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2015, pp. 312. ISBN 978-989-626-721-6

© Danielle Barlow (2013)

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