Quando as crianças da aldeia o visitavam na sua cabana no lago Walden, [Henry David] Thoreau levava-as em longos passeios pelos bosques. Quando assobiava estranhos sons, os animais apareciam um a um – a marmota espreitava de baixo do mato, os esquilos corriam para ele e os pássaros pousavam-lhe no ombro.
A natureza, dizia Hawthorne,
«parece adotá-lo como seu filho especial», pois os animais e as plantas
comunicavam com ele. Havia uma ligação que ninguém conseguia explicar. Os ratos
corriam pelos braços de Thoreau, os corvos empoleiravam-se nele, as cobras
enroscavam-se-lhe nas pernas e ele encontrava sempre as primeiras flores da
primavera mais escondidas. A natureza falava-lhe e Thoreau falava com ela.
Quando plantou uma horta de feijões, perguntou: «Que aprenderei com os feijões
e os feijões comigo?» A alegria da sua vida diária era «apanhar um pouco do pó
das estrelas», dizia, ou uma «semente de um arco-íris que agarrei».
Durante essa época no
lago Walden, Thoreau olhava a natureza de perto. Tomava banho de manhã e depois
ficava sentado ao sol. Passeava pelos bosques, ou ficava silenciosamente
agachado numa clareira, à espera de que os animais se exibissem para ele.
Observava o tempo que fazia e chamava a si próprio um «inspetot autonomeado das
tempestades de neve e de chuva».
(WULF, 2015: 339-349)
LIVRO:
WULF, Andrea. 2015. A
Invenção da Natureza – As aventuras de Alexander von Humboldt, o herói esquecido da ciência. Lisboa: Temas & Debates/Círculo de Leitores.
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