Pedro Cuiça © Serra de Carnaxide – Oeiras (14/04/2023) |
A Roda do Ano continua a girar
e, nesta fase, assistimos ao aumento diário das horas de sol, numa manifesta(da)
celebração da primaveril fertilidade. Os campos estão plenos de vida, num imenso
pontilhado de cores da floração, sobre múltiplas tonalidades de verde. E plenos
de diversificadas sonoridades, desde o zumbido dos insectos ao chilrear da
passarada, do resmalhar do arvoredo a breves sussurros, rápidos, de seres a
escapulirem-se por entre o carrascal. No alto da Serra de Carnaxide podemos não
só apreciar as amplas vistas panorâmicas, que se estendem para sul, como fazer
parte da paisagem concreta, no aqui e agora sensorial, que se expressa muito para
além da visualização e da audição. A impressão corporal da radiação solar e da
brisa, a sensação térmica, o toque da vegetação herbácea e arbustiva na passagem
de trilhos estreitos, e até a comoção táctil, interna, do respirar, são
inseparáveis do acto de andar a pé ao/no ar livre. Não esqueçamos o piso(teio), o
enraizamento do e no andar, que apresenta a sua máxima expressão no caminhar
descalço, mas que também poderá ser apreendido através de um calçado adequado. E
os campos, por estes dias, também apresentam uma riqueza odorífica difícil de
ignorar. Os campos estão cheirosos e saborosos!
Por estas e por outras,
inúmeras, razões, hoje será um dia auspicioso, certamente apropriado para caminhar, para um Andar Profundo: sentir a natureza e sentir-se (n)a natureza; que não se encontra separado mas,
sim, que faz parte de um Todo, (inter)relacional e transpessoal, a que poderemos, à falta de melhor, chamar “Natureza”.
Pedro Cuiça © Serra de Carnaxide – Oeiras (14/04/2023) |
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