Ben Nevis (Escócia) © Pedro Cuiça (2007)
O acto de subir remonta às origens do Homem mas é na segunda metade
do século XVIII que surge o alpinismo. Já percorrida por intrépidos viajantes,
caçadores e colectores de minerais, é nessa altura que o público erudito
descobre os encantos da alta-montanha (e, sobretudo, da média montanha).
Enquanto Jean-Jacques Rousseau percorre “em êxtase esses lugares tão pouco
conhecidos e tão dignos de serem admirados”, um outro genebrino,
Horace-Bénédict de Saussure, lança-se no projecto de ascender a, então,
considerada a montanha mais alta da Europa: o Monte Branco (4807 m). Desejo que
viria a concretizar um quarto de século mais tarde, em 1787, um ano depois da
primeira ascensão realizada por Jacques Balmat, um “guia” de Chamonix, e
Michel-Gabriel Pacard. A ascensão levada a cabo por Saussure teve tais repercussões
na Europa que o Monte Branco e a montanha, em geral, se tornaram moda. Daí que
Saussure seja considerado o pai do alpinismo e a sua ascensão marque o começo
dessa actividade.
De facto, o montanhismo começa a ser praticado, no século XVIII,
com as primeiras ascensões sistemáticas nos Alpes efectuadas sobretudo por
britânicos e guias locais. Ao princípio seguiram-se trajectos tecnicamente
fáceis mas posteriormente foram sendo enfrentadas dificuldades cada vez mais
ousadas. Não admira, pois, que as técnicas de escalada em rocha se tivessem
desenvolvido um pouco tardiamente em relação às técnicas de neve. Até aos anos
80 do século XIX, os alpinistas centraram a sua atenção na conquista das mais
altas montanhas dos Alpes pelas vias mais acessíveis, sendo estas raramente
rochosas. As primeiras escaladas, no Grépon (Maciço do Monte Branco), marcam a
transição para itenerários com partes rochosas. A evolução do alpinismo no
Maciço do Monte Branco foi sintetizada de forma genial por Frison-Roche: “Aprés le mont Blanc, la Verte; aprés la
Verte, le Dru”. Essa evolução demorou um século: O Monte Branco foi ascendido
pela primeira vez em 1786, a Verte em 1865 e o Dru em 1878.
[CUIÇA, 2010: 23-24]
São Roque (Pico) © Pedro Cuiça (2016)
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
CUIÇA, Pedro. Guia de Montanha – Manual Técnico de Montanhismo I. Lisboa: Federação de Campismo e Montanhismo de
Portugal/Campo Base, 2010, pp. 224. ISBN 978-989-96647-1-5
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