«No
século XIX, a montanha passa a também exercer grande atracção turística, fruto
de uma afinidade com a natureza decorrente do iluminismo e do romantismo, que a
sentimentalizam. A abertura dos Alpes aos turistas terá contribuído bastante
para o desenvolvimento do montanhismo e a Suíça torna-se o «recreio» da Europa.
Nascem vários clubes dedicados ao montanhismo, aristocráticos no começo, mas
progressivamente aburguesados e até proletizados. Esta é a época em que surge o
turismo de saúde na montanha, com a construção de vários sanatórios e clínicas
para a prevenção ou cura da tuberculose, mas também do ligado à prática de
desportos de Inverno.» [BARROS, 2015: 22]
Expedição Científica à Serra da Estrela (1881) © na Net (?)
A atracção pela montanha e pelas práticas
turístico-desportivas, designadamente o montanhismo e o esqui, tal como a
promoção da saúde e dos sanatórios em altitude, também estiveram em voga, no
século XIX, no nosso País. «A prática de montanhismo em Portugal remonta (…)
aos finais do século XIX inícios do século XX e está associada a Gomes
Teixeira, Emídio Navarro e Sousa Martins, entre outros pioneiros. O papel
desempenhado pela Expedição Scientifica á Serra da Estrella, de 1881, foi
marcante para a implementação e desenvolvimento da actividade. O Cântaro Magro
foi escalado, durante essa expedição organizada pela Sociedade Geográfica de
Lisboa, por Alfredo Serrano e outros companheiros. Aliás, a montanha já tinha
sido escalada anteriormente. A obra Quatro Dias na Serra da Estrela de
Emídio Navarro, editada em 1884, surge como resultado imediato da forte
dinâmica imposta pela dita expedição e constitui um excelente exemplo do
espírito que se vivia nos alvores do montanhismo em Portugal.
Apesar das viagens do matemático Francisco Gomes Teixeira
terem sido publicadas somente em 1926 ocorreram no final do século XIX, mais
precisamente na segunda metade da década de 70. O livro Santuários de Montanha –
Impressões de Viagens, não sendo o primeiro publicado em Portugal sobre
montanhismo, é sem dúvida um marco maior da bibliografia de montanha em
Portugal.
Em 1912 já se falava, no livro Aos Montes Hermínios – Impressões
de uma viagem de exploração desportiva na Serra da Estrella organisada pela
revista «Tiro e Sport», de Duarte Rodrigues, na criação do “Club Alpino Portuguez”.» [CUIÇA, 2010: 37-38]
O famoso Sousa Martins, médico e professor catedrático da
Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, para além de ter sido um dos pioneiros da
prática de montanhismo em Portugal também foi um grande promotor da implantação
de Casas de Saúde em altitude… A importância
do turismo de saúde na montanha continuou no século XX, designadamente através
da construção do Sanatório da Serra da Estrela, tal como a implementação dos
desportos de inverno que, nos anos 30-40, viriam a revelar um desenvolvimento
notável. Curioso será o estado a que chegou a prática de desportos de montanha,
mormente no que concerne ao montanhismo e à escalada, mas também ao esqui, na
Serra da Estrela! Será caso para lembrar ecos de outros tempos? ««Altitude» não significa apenas uma certa
posição física, – situação dum ponto acima do nível do mar; traduz também uma
posição moral, elevação da alma acima do comum, acima do charco lodoso ou da
planície rasa, onde pululam a grosseria e a mediocridade…» [PATRÍCIO, 1938: 9] Altitude era atitude e ainda é?
Sanatório da Serra da Estrela © na Net (?)
Torre (1991 m) © na Net (?)
© na Net (?)
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, Vera Gouveia. Turismo em Portugal. Lisboa:
Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2015, pp. 88.
CUIÇA, Pedro. Guia de Montanha – Manual Técnico de
Montanhismo I. Lisboa: Federação de Campismo e Montanhismo de
Portugal/Campo Base, 2010, pp. 224. ISBN978-989-96647-1-5
PATRÍCIO, Ladislau. Altitude – O Espírito na Medicina.
Lisboa: Edições Europa, 1938, pp. 192.
Espólio fotográfico de Manuel Magno, fundador do Ski Club de Portugal
© na Net (?)
Sem comentários:
Enviar um comentário