Pedro Cuiça © Caminho de Santiago (Espanha, Agosto 2016)
A expressão Solvitur ambulando, atribuída ao filósofo grego Diógenes numa situação particular, foi e é recorrentemente apropriada por vários autores em diversos contextos. Diógenes (séc. IV a.C.), segundo consta, face a questão que lhe foi colocada sobre “se o movimento é real” ter-se-á simplesmente levantado, andado e exclamado “está resolvido ao caminhar”! No entanto, a multiplicidade de problemáticas que se podem resolver através do singelo acto de andar a pé não se esgota, de todo, nessa aparentemente lapalissada resposta e menos ainda na questão que a suscitou.
Como facilmente se poderá constatar existem muitas outras questões,
problemas e paradoxos cujas respostas se encontrarão ou resultarão no/do caminhar.
Andar a pé não se cinge tão somente a essa característica peculiar de propiciar
respostas, vai bem mais além ao constituir um acto catalisador do pensar, uma
inspiradora e criativa prática a que muitos recorreram e continuam a recorrer:
ao estilo de um Friedrich Nietzche ou de um Antero de Quental. A expressão foi
utilizada, por exemplo, em Walking (1861) de Henry David Thoreau ou em textos
de Aleister Crowley e, não deixa de ser curioso, Solvitur
ambulando ser o lema da Royal Air Forces Escaping Society.
Tendo em conta a diversidade de motivos e motivações pedestres
associadas a Solvitur ambulando,
gostaríamos contudo de salientar o Caminhar/Caminho como meio de conhecer-se, descobrir-se,
enfim resolver-se a si mesmo através do andar... No sentido, portanto, de Solvitur ambulando como “resolve-se pela
prática” ou “ser resolvido pela prática”. E, claro, em caminhos balizados ou não... de-ambulando no mais perfeito "ao Deus dará".
Pedro Cuiça © Caminho de Santiago (Portugal, Março 2016)
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