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12/12 [2017]
Era noite. A minha sombra também levava bastões e movia-se compassadamente ao mesmo ritmo que eu. O ritmo elevado manteve-se numa cadência de quatro passadas/quatro braçadas e duas inalações/uma soprada e ruidosa expiração.
À semelhança da meditação imóvel, aqui a mente também tem o hábito
de divagar sob a forma de mil e um pensamentos. E tal como nessa prática
estática basta regressar ao foco, se assim se desejar, para contrariar a
distracção que naturalmente surge nestas circunstâncias. Mas, ao invés, aqui
estamos no domínio do concreto e para nos focarmos basta concentrar-nos no chão
que passa rapidamente na nossa direcção, em sentido oposto ao movimento, ademais
se desfocarmos o olhar… Nesta prática não nos focamos em objectos imaginários.
E se dúvidas houvesse entre o que é o concreto e o imaginário bastaria um
tropeção, seguido de queda, para o comprovarmos através do corpinho de encontro
ao chão.
Aqui a prática é móvel e bem real, por vezes dolorosamente real. No
entanto, esta não se trata de uma caminhada holotrópica, ao diferenciar-se
notoriamente do conjunto de especificidades que a caracterizam, apesar de
ambas, numa primeira fase, se (con)centrarem no concreto. Aqui estamos noutra
espécie de caminhada, num outro andar. Já agora, a concentração no chão que passa
é favorecida pelo desfocar do olhar, tal como afirmámos, e por um ângulo de
visão de cerca de 45º. E mais não dizemos… «Vão e vejam.»
P.S.: Hoje cheguei de manhã bem cedo ao hospital. Carreguei no
botão da senha para o atendimento e saiu-me o E6. Pouco depois ouviu-se um
sinal sonoro a indicar o guiché número 6 onde fui atendido. O exame médico
seguiu-se na sala 6. E tem isto algum significado? Tem: quer dizer que o
atendimento foi rápido, eficaz e correu tudo em boa ordem.
P.P.S.: Não ignoramos, nem olvidamos, a importância da imaginação e
da operatividade de base imaginativa… imagética ou imaginal?
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