Na sequência da palestra que apresentei, no dia 17 de Maio, em
Lisboa, sobre Gestão Ambiental (d)e Percursos Pedestres, no
âmbito da iniciativa mensal Palestras da Montanha, organizada pelo
Centro de Formação da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal/Escola
Nacional de Montanhismo (CF-FCMP/ENM), irei voltar à temática em causa nas
Jornadas Técnicas de Desportos de Montanha que se realizarão, nos dias 9 e 10
de Novembro, em Montalegre. Desta feita, trata-se de uma comunicação sob o
título Gestão Ambiental (d)e Percursos Pedestres – Enquadramento Conceptual,
Teorias e Práticas, inserida no Painel I – Desporto, Turismo e Ambiente,
que está agendado, para sábado de manhã, no Auditório do Ecomuseu de Barroso.
No domingo de manhã, será aprofundada essa temática através de um workshop
sobre Gestão Ambiental (d)e Percursos Pedestres: Paisagens e Territórios –
Prática de Campo, onde iremos experimentar diversas abordagens no
terreno, com um especial foco na leitura e interpretação da paisagem, na
envolvente da aldeia de Paredes do Rio, e suas implicações no que concerne à
prática de pedestrianismo e/ou implementação de percursos pedestres.
A prática de pedestrianismo – tal como, por maioria de razões, o
desenho, a implementação e a imprescindível manutenção de percursos pedestres, designadamente
de Pequenas Rotas e de Grandes Rotas – não deve estar alheada de questões essenciais no âmbito da
gestão ambiental. O desempenho adequado das funções de Treinador de
Pedestrianismo, tal como as inerentes aos Técnicos de Percursos Pedestres e
outros especialistas na área, aporta responsabilidades acrescidas em relação
aos simples praticantes, devendo necessariamente integrar estratégias e
metodologias de gestão ambiental conformes ao estado da arte.
A gestão ambiental é algo que está em permanente evolução e, nesse
particular, a realidade quando apresentámos Pedestrianismo e Percursos
Pedestres em Portugal – A aventura da sustentabilidade, no Seminario
Internacional sobre Senderismo, que decorreu em Málaga, de 5 a 7 de Junho de
2008, organizado sob os auspícios da federação europeia, era significativamente
diferente da actual. Um exemplo bem expressivo dessa evolução será, sem dúvida,
o fenómeno dos Passadiços do Paiva que, inaugurados em 2015, era algo
perfeitamente desconhecido em Portugal (nesses moldes, entenda-se) e, portanto, sem significado em 2008. É precisamente neste contexto evolutivo que iremos abordar a gestão ambiental do
pedestrianismo e dos percursos pedestres, sem esquecer a história mas com um
particular enfoque no futuro, sem ignorar as componentes turística e desportiva
mas com uma especial atenção à componente ambiental.
Os passadiços do Paiva avaliam, internamente, a sua qualidade de
funcionamento através do número anual de pessoas que os visitam, e que aderem
às actividades oferecidas (Marques et al., 2018: 193). Numa perspectiva
meramente económica surgem como uma espécie de “galinha dos ovos d’ouro”,
replicada em outras áreas curiosamente sem os resultados desejados! Numa
perspectiva “ecológica” são vistos ou “vendidos” como um equipamento de educação
ambiental mas que não recolhe, de todo, o consenso a esse nível, sendo inclusivamente
criticados por associações ambientalistas como o FAPAS. A nossa abordagem irá passar por “pesadas” infra-estruturas como os passadiços mas também irá percorrer
certamente trajectos “desmaterializados” no terreno e cujos impactes ambientais
negativos se pretendem e perspectivem (ultra)leves.
Pedro Cuiça © Passadiço de protecção do coberto vegetal face ao pisoteio (Bélgica, 2007)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Marques et al., Margarida Correia. Equipamentos para a Educação
Ambiental – Um Caminho de Sustentabilidade no Interior Norte e Centro de Portugal
Continental. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2018, pp.
228. ISBN 978-989-704-358-1
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