terça-feira, 8 de outubro de 2019

Gestão Ambiental



Na sequência da palestra que apresentei, no dia 17 de Maio, em Lisboa, sobre Gestão Ambiental (d)e Percursos Pedestres, no âmbito da iniciativa mensal Palestras da Montanha, organizada pelo Centro de Formação da Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal/Escola Nacional de Montanhismo (CF-FCMP/ENM), irei voltar à temática em causa nas Jornadas Técnicas de Desportos de Montanha que se realizarão, nos dias 9 e 10 de Novembro, em Montalegre. Desta feita, trata-se de uma comunicação sob o título Gestão Ambiental (d)e Percursos Pedestres – Enquadramento Conceptual, Teorias e Práticas, inserida no Painel I – Desporto, Turismo e Ambiente, que está agendado, para sábado de manhã, no Auditório do Ecomuseu de Barroso. No domingo de manhã, será aprofundada essa temática através de um workshop sobre Gestão Ambiental (d)e Percursos Pedestres: Paisagens e Territórios – Prática de Campo, onde iremos experimentar diversas abordagens no terreno, com um especial foco na leitura e interpretação da paisagem, na envolvente da aldeia de Paredes do Rio, e suas implicações no que concerne à prática de pedestrianismo e/ou implementação de percursos pedestres.
A prática de pedestrianismo – tal como, por maioria de razões, o desenho, a implementação e a imprescindível manutenção de percursos pedestres, designadamente de Pequenas Rotas e de Grandes Rotas – não deve estar alheada de questões essenciais no âmbito da gestão ambiental. O desempenho adequado das funções de Treinador de Pedestrianismo, tal como as inerentes aos Técnicos de Percursos Pedestres e outros especialistas na área, aporta responsabilidades acrescidas em relação aos simples praticantes, devendo necessariamente integrar estratégias e metodologias de gestão ambiental conformes ao estado da arte.
A gestão ambiental é algo que está em permanente evolução e, nesse particular, a realidade quando apresentámos Pedestrianismo e Percursos Pedestres em Portugal – A aventura da sustentabilidade, no Seminario Internacional sobre Senderismo, que decorreu em Málaga, de 5 a 7 de Junho de 2008, organizado sob os auspícios da federação europeia, era significativamente diferente da actual. Um exemplo bem expressivo dessa evolução será, sem dúvida, o fenómeno dos Passadiços do Paiva que, inaugurados em 2015, era algo perfeitamente desconhecido em Portugal (nesses moldes, entenda-se) e, portanto, sem significado em 2008. É precisamente neste contexto evolutivo que iremos abordar a gestão ambiental do pedestrianismo e dos percursos pedestres, sem esquecer a história mas com um particular enfoque no futuro, sem ignorar as componentes turística e desportiva mas com uma especial atenção à componente ambiental.
Os passadiços do Paiva avaliam, internamente, a sua qualidade de funcionamento através do número anual de pessoas que os visitam, e que aderem às actividades oferecidas (Marques et al., 2018: 193). Numa perspectiva meramente económica surgem como uma espécie de “galinha dos ovos d’ouro”, replicada em outras áreas curiosamente sem os resultados desejados! Numa perspectiva “ecológica” são vistos ou “vendidos” como um equipamento de educação ambiental mas que não recolhe, de todo, o consenso a esse nível, sendo inclusivamente criticados por associações ambientalistas como o FAPAS. A nossa abordagem irá passar por “pesadas” infra-estruturas como os passadiços mas também irá percorrer certamente trajectos “desmaterializados” no terreno e cujos impactes ambientais negativos se pretendem e perspectivem (ultra)leves.

Pedro Cuiça © Passadiço de protecção do coberto vegetal face ao pisoteio  (Bélgica, 2007)


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Marques et al., Margarida Correia. Equipamentos para a Educação Ambiental – Um Caminho de Sustentabilidade no Interior Norte e Centro de Portugal Continental. Vila Real: Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 2018, pp. 228. ISBN 978-989-704-358-1

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