segunda-feira, 28 de outubro de 2019

PAL-A(n)DARES

«Devem comer-se ao vento.»
Henry-David Thoreau

Pedro Cuiça © Baden-Württemberg (Alemanha, 19 de Outubro de 2019)

Finalmente a chuva e, com ela, os aumentados aromas campestres, designadamente as saudosas emanações odoríficas dos fungos outonais. A frescura do ar aguado, a intensificação das brilhantes cores molhadas, as diversas matizes gradativas de amarelos a castanhos, os caminhos cobertos de folhagem,… É por estes dias cinzentos e noites longas que se proporcionam caminhadas a cadências elevadas, fortes pensamentos e renovados sentidos do gosto: pal-a(n)dares?!

Pedro Cuiça © Baden-Württemberg (Alemanha, 19 de Outubro de 2019)


«Para apreciar o travo selvagem e penetrante destes frutos de Outubro é necessário respirar o ar cáustico de Outubro ou de Novembro. O ar livre e o exercício de que o caminhante desfruta conferem uma intensidade diferente ao paladar, e ele anseia por um fruto a que um indivíduo sedentário chamaria desagradável e azedo. As maçãs devem ser comidas nos campos, quando o exercício nos estimula o organismo, quando o ar gelado nos morde os dedos, o vento agita os ramos nus e faz restolhar as poucas folhas que ainda restam, e os gritos dos gaios em redor se fazem ouvir. O passeio torna doce o que em casa parece azedo. Algumas destas maçãs podiam ter uma etiqueta a indicar: «Devem comer-se ao vento.»»
[THOREAU, 2016: 61]

Algures na Net © Macieira-brava (Malus sylvestris)

«Só nos campos é possível apreciar os travos azedos e amargos da Natureza; tal como, num dia de Inverno, o lenhador toma a sua refeição numa clareira ensolarada, e, satisfeito, desfruta de um raio de Sol enquanto sonha com o Verão no meio de um frio tal que, no interior de um quarto, faria um estudante sentir-se desesperado. Aqueles que trabalham ao ar livre não têm frio, embora sejam eles que ficam sentados dentro de casa a tiritar. O que se passa com a temperatura verifica-se com os sabores; o que sucede com o frio e com o calor sucede também com o azedo e o doce. Este travo intenso natural, os azedos e amargos que o paladar enfermo recusa, são os verdadeiros condimentos.
Deixemos os nossos condimentos coadunarem-se com os nossos sentidos. Para apreciar o sabor destas maçãs silvestres é indispensável que os nossos sentidos sejam vigorosos e saudáveis, ter papilas firmes e erectas na língua e no palato, que não se tornem facilmente enfraquecidas e domesticadas.
A minha experiência com as maçãs silvestres permite-me compreender por que motivo o selvagem prefere muitos tipos de alimentos que o homem civilizado rejeita. O primeiro tem o paladar de alguém que vive ar livre. É preciso ter um paladar selvagem para apreciar um fruto selvagem.»
[THOREAU, 2016: 63-64]

Algures na Net © azeitonas de Zambujeiro (Olea europaea sylvestris)

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
THOREAU, Henry David. Maçãs Silvestres & Cores de Outono. Lisboa: Antígona, 2016, pp. 168. ISBN 978-972-608-281-1



Pedro Cuiça © Amanita muscaria 
(Serra da Estrela, 8 de Setembro de 2019)



RAMBLE ON

Leaves are falling all around
It's time I was on my way
Thanks to you I'm much obliged
For such a pleasant stay
But now it's time for me to go
The autumn moon lights my way
For now I smell the rain
And with it pain
And it's headed my way
Ah, sometimes I grow so tired
But I know I've got one thing I got to do
Ramble on
And now's the time, the time is now
To sing my song
I'm goin' 'round the world, I got to find my girl
On my way
I've been this way ten years to the day
Ramble on
Gotta find the queen of all my dreams
Got no time for spreadin' roots
The time has come to be gone
And thoough our health we drank a thousand times
It's time to ramble on
Ramble on
And now's the time, the time is now
To sing my song
I'm going 'round the world, I got to find my girl
On my way
I've been this way ten years to the day
I gotta ramble on
I gotta find the queen of all my dreams
I ain't tellin' no lie
Mine's a tale that can't be told
My freedom I hold dear
How years ago in days of old
When magic filled the air
'T was in the darkest depths of Mordor
I met a girl so fair
But Gollum, and the evil one
Crept up and slipped away with her
Her, her, yeah
Ain't nothing I can do, no
I guess I keep on rambling
I'm gonna, yeah, yeah, yeah
Sing my song (I gotta find my baby)
I gotta ramble on, sing my song
Gotta work my way around the world baby, baby
Ramble on, yeah
Doo, doo, doo, doo, doo, my baby
Doo, doo, doo, doo
Doodoo doodoo doodoo doodoo doodoo
I gotta keep searching for my baby
(Baby, baby, baby, baby, baby, baby)
I gotta keep-a-searchin' for my baby
(My, my, my, my, my, my, my baby)
Yeah yeah, yeah yeah, yeah yeah yeah
Yeah yeah yeah yeah yeah yeah yeah
I can't find my bluebird
I listen to my bluebird sing
I can't find my bluebird
I keep rambling, baby
I keep rambling, baby


Jimmy Page / Robert Plant (Led Zeppelin, 1969)



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