A imagem retrata Lev Nikolaevitch Tolstoi (1828-1910), numa caminhada a pé, quando este tinha 52 anos de idade. Nessa altura, já tinham sido publicadas as suas duas "obras maiores": Guerra e Paz (1869) e Anna Karenina (1877). Era famoso, tinha família, terras e dinheiro, mas tudo parecia vazio... Foi na "Fé" e na simplicidade dos campesinos, do povo, que encontrou um novo significado e motivação para a vida. Tolstói também se transformou num inveterado caminheiro. Tal como um camponês, com roupas simples e um atilho a fazer de cinto, percorreu os cerca de 200 quilómetros que separam Moscovo e Lasnaia Poliana, a sua terra natal, por três vezes: em 1886, 1888 e 1889, respectivamente. Em cada uma dessas caminhadas pedestres foi acompanhado por diferentes amigos e seguidores.
Mais conhecido em português como Leão, Leon ou Liev Tosltói, este famoso escritor russo experienciou, durante a década de 1870, um profundo despertar espiritual, descrito na obra A Confissão (1882), na sequência da sua interpretação pessoal dos ensinamentos éticos de Jesus, com base no Sermão da Montanha, e de um certo regresso à natureza. Despertar que fez com que se tornasse um fervoroso anarquista cristão, pacifista e vegetariano. Pertencente a uma prestigiada família da nobreza russa, renunciou aos seus direitos de propriedade literária e, paulatinamente, às comodidades e mordomias a que esteve habituado desde a infância; passando a realizar trabalhos físicos e a envergar um vestuário singelo, como um camponês. As ideias de Tolstói, por exemplo, sobre “simplicidade voluntária” e “oposição pacífica”, expressadas em obras como O Reino de Deus está dentro de vós (1893), influenciaram significativamente escritores e pensadores como Henry David Thoreau (1817-1862), Mahatma Gandhi (1869-1948), Arne Naess (1912-2009) e Christopher McCandless (1968-1992), entre outros.
Hoje, no último dia das Jornadas Mundiais da Juventude, que se celebram na Grande Lisboa, não será certamente despiciendo lembrar este velho pensador da acção directa: do ser, simplesmente, simples.
Sem comentários:
Enviar um comentário