3. Simplicidade para o
Desperdício Zero
«Simples nos meios, ricos nos fins.»
Arne Naess (Devall & Sessions, 2004, p. 25)
Os cidadãos dos países
desenvolvidos (e até de países em vias de desenvolvimento) vivem numa sociedade
de abundância e são atraídos para um consumo desenfreado através de diversas
estratégias agressivas de marketing e de publicidade, com vista à
aquisição de novos produtos e serviços, num contexto de “capitalismo selvagem”,
onde o crédito é vendido a eito numa política de “compre agora e pague depois”.
Até os países sub-desenvolvidos são
invadidos por quantidades inauditas de produtos “baratos”, designadamente
bugigangas de plástico e vestuário. A abundância de mercadorias associada à
propaganda intrusiva e à manipulação do marketing incentiva os
consumidores a assumirem comportamentos insustentáveis (ZRALEK 2016). E o consumo insustentável é uma das causas
importantes da contínua deterioração do meio ambiente, quer a nível local, quer
global (KROPFELD, NEPOMUCENO e DANTAS 2018).
É, pois, frequente que adeptos da SV questionem os efeitos que o consumo
excessivo provoca na saúde, a nível pessoal e planetário (AIDAR e DANIELS 2020), designadamente no que
concerne os efeitos nefastos do lixo que, bastantes vezes, assumem o cariz inquestionável
de poluição.
A passagem de uma
economia linear a uma economia circular pode mitigar o problema do lixo, mas
não será certamente a resolução do mesmo, tendo em conta que em ambos os casos
o que é verdadeiramente necessário é um decréscimo muito significativo na
produção e no consumo (GHEORGHICĂ 2012; SEKULOVA et al., 2013). Decrescimento que poderá ser
implementado por vivências de SV ou minimalistas, mas que deverão contar com o
envolvimento activo dos produtores e da própria governança dos países e a nível
internacional. Se o “círculo” receber uma crescente quantidade de novos produtos,
para circulação, vai certamente chegar a um limite insustentável no qual esses
“produtos” viram lixo! É prioritário pensar para além da economia circular
(reutilizar, reciclar, eco-design) e imaginar estilos de vida marcados
por uma maior sobriedade (GUILLARD 2021).
A título de exemplo, a poluição
por resíduos plásticos constitui uma grande preocupação ambiental, tendo em
conta que cerca de 80% de todos os plásticos produzidos acabam, de alguma forma,
como detritos no meio ambiente (ZAMAN 2022):
os microplásticos espalham-se no ar, na água e na terra, encontrando-se nas
partes mais remotas do planeta e nas cadeias tróficas, enquanto gigantescas
“ilhas” de plástico se acumulam nos oceanos! Esses plásticos continuarão a
poluir o meio ambiente, durante centenas ou milhares de anos, constituindo um
problema que, para além de acções de cidadania ambiental, a nível individual ou
colectivo, exigem medidas efectivas por parte dos decisores políticos.
As profundas e
fracturantes modificações que o consumismo está a provocar, segundo Sebastien
Charles, assumem também facetas preocupantes e difíceis de gerir a nível social
(LIPOVETSKY e CHARLES, 2004, p. 32-33):
«Le monde de la
consommation parait chaque jour s’immiscer dans nos vies et modifier nos
rapports aux objects et aux êtres que, pour autant, et ce malgré les critiques
que l’on formule à son égard, on puisse proposer de contre-modèle crédible. Et,
au-delá de la posture critique, rares seraient ceux qui souhaiteraient réellement
l’abolir définitivement. Force est de
constater que son empire ne cesse de progresser: le principe du libre-service,
le recherche d’émotions et de plaisirs, le calcul utilitariste, la
superficialité des liens semblent avoir contaminé l’ensemble du corps social,
la spiritualité elle-même n’y échappant pas.»
O sociólogo polaco
Zygmunt Bauman (2017), que estuda a face
mais perversa e doentia do capitalismo, também assinala diversas preocupações,
designadamente a ideia de que somos o que consumimos, a pressão para consumir
cada vez mais e os centros comerciais enquanto “catedrais” do consumo! O
(hiper)consumismo das sociedades (pós)modernas, na expressão do filósofo Gilles
Lipovetsky (2004), é considerado um estilo
de vida e um estado de espírito. A
primeira reforma com vista a avançar para um efectivo desperdício zero8
devia centrar-se, portanto, numa profunda mudança de mentalidades e de atitudes.
É fundamental reduzir substancialmente a quantidade de lixo: a produção de
resíduos deve diminuir progressivamente, decrescer tendencialmente para a meta
do desperdício zero. Nesse pressuposto, os “Rs” prioritários serão o reduzir e
o renunciar e só depois se seguirão outros. As estratégias de gestão
desperdício zero, com base na reutilização, na reparação e na reciclagem, são
importantes com vista ao reaproveitamento do “lixo”, mas é fundamental agir a
montante reduzindo substancialmente a produção, o consumo e consequentemente a geração
de resíduos. É importante saber dizer não. Não ao consumo, num acto de renúncia
consciente e conscienciosa. Neste contexto, torna-se importante examinar as
relações entre a sobriedade e o desregramento dos consumidores e a sua posse de
“bens” ou ausência de posse, de modo a identificar comportamentos e desenvolver
estratégias de intervenção adequadas, com o objectivo de reduzir o desperdício.
Saliente-se, todavia, que
algumas estratégias e comportamentos para reduzir a quantidade de lixo ultrapassam
o plano meramente individual e exigem intervenções comunitárias (BEKIN, CARRIGAN e SZMIGIN 2007). Por outro lado, é
também fundamental responsabilizar os produtores, numa lógica de “poluidor
pagador”, na qual estes assumam as externalidades decorrentes da produção; tal
como os políticos, que foram eleitos para resolver problemas e não para
perpetuarem o status quo. É imperioso que se adoptem estratégias de
decrescimento para diminuir a produção de resíduos, rumo ao desperdício zero,
mas também para minimizar as alterações climáticas, mitigar a degradação ambiental
e amenizar os conflitos sociais (MARÍN-BELTRÁN et
al. 2021; HICKEL 2021). E, esse desiderato de decrescimento e de uma
vida boa, deverá passar necessariamente pela SV.
Conclusões
O hiper-consumismo das
sociedades pós-modernas assume a condição de estilo de vida e constitui um
estado de espírito generalizado. Uma diminuição
significativa e gradual dos resíduos, com vista ao desperdício zero, deve
basear-se numa mudança de atitudes, designadamente através do decrescimento e da
adopção de estilos de vida (mais) simples. Essa mudança só será sustentável,
todavia, se satisfizer um conjunto de necessidades que permitam o bem-estar eudaimónico
dos intervenientes. O conceito de vida simples surge frequentemente associado a
bem-estar e considera-se que este será fundamental como motivação para a
aplicação e sustentabilidade do conceito, tal como para a sua expressão a nível
social.
A passagem de uma
economia linear a uma economia circular pode mitigar o problema do lixo, mas
não constituirá certamente a resolução do mesmo. As estratégias de gestão
desperdício zero, com base na reutilização, na reparação e na reciclagem, são
importantes com vista ao reaproveitamento do “lixo”, mas é fundamental agir a
montante. Só através de um decrescimento (muito) significativo na produção e no
consumo é que será possível avançar para situações sustentáveis de gestão do
lixo.
A inter-relação entre a
SV, o decrescimento e o desperdício zero deverá passar inevitavelmente por vivências
mais eco-lógicas, assentes na moderação e no equilíbrio, na sobriedade e na
temperança, no minimalismo e na frugalidade, na renúncia e na abstinência. Os
estilos de vida decorrentes destas renovadas atitudes devem basear-se, enfim,
numa Ética da Terra, assente no bem-estar e no bem-fazer, que permita mais do
que uma vida simples, uma vida de maravilhamento e de (Auto)realização.
Nota
8. O termo “desperdício zero”, cunhado
em 1974 por Paul Palmer, trata-se do desiderato de progredir para uma gestão
sustentável do lixo, que está ancorada no conceito de economia circular (HANNON e ZAMAN 2018). A Zero Waste
International Alliance definiu, em 2018, desperdício zero como «the
conservation of all resources, packaging, and materials without burning and
with no discharges to land, water or air that threatens the environment or
human health» (ZAMAN 2022, p. 3).
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