Seis associações ambientalistas lançaram ontem um comunicado em
defesa da proibição da caça à Rola-brava (Streptopelia
turtur): a GEOTA, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), a Sociedade
Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a Quercus, o Fundo para a Protecção
dos Animais Selvagens (FAPAS) e a Associação Natureza Portugal/World Wild Fund
(ANP/WWF). Segundo salientam, a população de Rola-brava «tem diminuído
acentuadamente por toda a Europa nas últimas dezenas de anos», sobretudo devido
à intensificação agrícola (corte de sebes, destruição de mosaicos agrícolas e
uso indiscriminado de fitofármacos) e à caça excessiva em países como Itália,
França, Espanha e Portugal. Ao que
parece o problema foca-se na árvore – a caça que deve ser limitada a um «limite
sustentável de abate» (?) – e desfoca-se da floresta – toda a complexidade de
uma realidade global, com gritantes implicações locais –, numa aparente cegueira,
surdez e/ou outros quaisquer condicionalismos, mormente (quem diria?) económicos...
Até parece que a generalidade dos sistemas
naturais e semi-naturais, tal como a maior parte das espécies selvagens, não se
encontram ameaçados e que não é preciso ir mais fundo no(s)
problema(s)/análise(s) e soluções!
O presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das
Florestas (ICNF) esteve hoje de manhã em directo na TSF para, de forma
titubeante, dar a entender que a caça à Rola-brava até estará a ser bem gerida
em Portugal. Ao que parece, nem
poderia ser de outra forma!... Até
parece que a caça é fundamental para manter os tão necessários equilíbrios
ecológicos, num país rico em vastos e diversificados ecossistemas naturais e
semi-naturais, como se os sistemas naturais não fossem auto-reguláveis! Aquecimento
global, alterações climáticas, incêndios florestais, destruição da floresta
autóctone e diversas espécies de fauna selvagem em vias de extinção, entre
outros (demasiados) quejandos: que é isso, pá?
Ao que parece a conservação da
natureza não passa de um mero paliativo – uma espécie de banho (ou banhada?)
verde (greenwashing, em “amaricano”) –,
com vista a perpetuar o insustentável sistema de crescimento económico exponencial
e simultaneamente aquietar consciências… Até
parece que não é necessário implementar uma efectiva protecção da
natureza!
O que parece muitas vezes não é
e o que é outras tantas não (trans)parece! Motivo pelo qual há imensa margem de
manobra para superficiais abordagens “verdes” ou o seu oposto, frequentemente umas
e outras apresentadas “a preto e branco”… e à brava. Por estas e por outras é
que se torna difícil compreender que existam “superfícies comerciais” na Torre
e, simultaneamente, seja "condicionado" o acto de andar a pé no planalto central
da Serra da Estrela! Por estas e por outras é que as aparências continuam a
iludir. Até parece!...
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