sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A Obra ao Negro (II)

Pedro Cuiça © A Ilha Montanha (Pico, Jan. 2016)

«O Pico é a mais bela, a mais extraordinária ilha dos Açores, duma beleza que só a ela pertence, duma cor admirável e com um estranho poder de atracção. É mais do que uma ilha – é uma estátua erguida até ao céu e moldada pelo fogo (…).»
Raúl Brandão in As Ilhas Desconhecidas (1926)

«Nigredo alquímico; cor-beau (corvo) da “langue verte” dos argóticos (os da arte “gótica”) que belamente exprime o corpo tisnado pelo fogo, reduzido a uma espécie de pura antracite cujas escórias estão já consumidas e é tudo o que resta (…) após a primeira morte ou consumação pelo fogo alquímico, resíduo negro volátil, matéria prima ou caroço da quadratura ou corpo belo de que poderá partir-se para a ulterior sucessão de sublimações, precipitações e operações conducentes à obra branca e à rubificação.»
Diário de Lima de Freitas (14 Nov. 83) in Porto Graal (Ésquilo, 2006: 175)

«All those moments will be lost in time… Like tears in rain… time to die.»
Rutger Haver no filme Blade Runner

José Feliciano Photografy © "a mais bela" Montanha do Pico (2017)



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