Quando
publiquei o post Cuidem-se e cuidem, a 16 de Março, no começo da
pandemia de Covid-19, destaquei a importância de «implementar uma alimentação
adequada, exercício físico moderado e as necessárias horas de sono, usufruir de
ar livre e radiação solar» para fortalecer o sistema imunitário e enfrentar os
tempos que aí vinham. Nesse contexto, destaquei o artigo Coronavirus and the Sun: A lesson from the 1918 Influenza Pandemic, de Richard Hobbay,
no qual é dada uma especial relevância ao ar livre e à radiação solar no
combate a pandemias virais: «A combination of fresh air and sunlight seems to have
prevented deaths among patients; and infections among medical staff. There is
scientific support for this. Research shows that outdoor air is a natural
disinfectant. Fresh air can kill the flu vírus and other harmful germs.
Equally, sunlight is germicidal and there is now evidence it can kill the flu
vírus.»
Foi,
pois, com particular alegria que constatei, no site do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a alusão a um artigo científico, da
autoria de portugueses, que demonstra o potencial da radiação UV na inactivação
do SARS-CoV-2: Potential of Solar UV Radiation for Inactivation of
Coronavirus Family Estimated from Satellite. Neste contexto, tomamos a
liberdade de transcrever, na íntegra, a notícia publicada, no dia 23 de
Novembro, no site do IPMA:
«O IPMA informa que foi
recentemente publicado na revista internacional “Photochemistry and
Photobiology”, um artigo científico que demonstra o potencial da radiação UV na
inativação do SARS-CoV-2 (Covid-19): Potential of Solar UV Radiation for Inactivation of Coronaviridae Family Estimated from Satellite.
Trata-se do primeiro
trabalho publicado numa revista científica internacional sobre a relação do
SARS-CoV-2 (Covid-19) e um elemento meteorológico, neste caso a radiação solar.
A investigação que arrancou durante o confinamento, de Março e Abril, resultou
da cooperação entre o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Centro de
Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Universidade do Porto
(CINTESIS), Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) e a Universidade de
Medicina Veterinária de Viena (Áustria). Pretende contribuir para orientação de
políticas públicas no combate à propagação do vírus.
Estes resultados mostram
que a radiação solar UV tem um elevado potencial para inativar esses vírus,
dependendo fortemente da localização geográfica e da estação do ano. Nas
regiões tropicais e subtropicais (ex.: São Paulo, 23,5°S), a fração diária de
sobrevivência do vírus é inferior a 0,01 % durante todo o ano, enquanto que em
latitudes mais elevadas (ex.: Reiquiavique, 64°N) essa fração apenas pode ser
encontrada em junho e julho.
Por exemplo, em Lisboa e
no período de março, seriam necessárias entre 3 a 10 horas para o vírus ser
eliminado pela radiação UV; por outro lado, no Inverno temos tempos para
esterilização superiores a 20 horas, ou seja, um dia não chega para esterilizar
superfícies no exterior.
Com este estudo - e todos os trabalhos feitos sobre a influência
dos fatores meteorológicos sobre o novo coronavírus – prova-se ser a radiação
UV efetiva na inativação do vírus.
Estes dados têm importantes implicações potenciais práticas, em
termos de recomendações de Saúde Pública, de forma a minimizar o potencial de
contágio através de diferentes superfícies e mesmo no potencial de
contagiosidade do SARS-CoV-2.
É ainda argumento para potencial recomendação à população para poder usufruir
de exposição solar nesta época de Outono, Inverno e até início da Primavera,
altura em que os níveis do Índice UV raramente são maiores que 5, pelo que não
são nocivos para a pele ou de risco significativo para aumento de números de
Cancros da Pele, nomeadamente para exposições em tempo moderado. Adicionalmente
poderia haver recomendação para colocar o maior número de objetos, utensílios,
roupas, entre outros, à exposição solar que possa ocorrer nestes meses. O
estímulo de caminhadas ao ar livre, em particular em dias de Sol, é de
incentivar pelos benefícios psicológicos e físicos, em particular neste tempo
de Covid 19.
Adicionalmente a este
artigo é de referir que, neste ano de 2020 os níveis do Índice UV foram muito
elevados durante todo o mês de Maio (8 a 10, numa escala de 0 a 11, na
maioria das localidade de Portugal (Continente e Ilhas) altura em que se
assistiu a forte redução do número de casos Covid 19 e redução da letalidade ao
mesmo, mantendo-se estes níveis baixos ate meados de Setembro, altura em que os
níveis de UV reduziram significativamente. Desde essa altura até esta data, os
níveis de UV tiveram naturalmente uma redução significativa em cerca de 60%, período
em que se assistiu ao recrudescimento do número de casos e taxa de mortalidade.
Naturalmente que esta incidência tem a ver com múltiplos fatores, nomeadamente
encerramento ou abertura de atividade económica, abertura de escolas, etc.
Os autores do estudo foram: Fernanda Carvalho (IPMA), Diamantino Henriques (IPMA), Osvaldo Correia (Dermatologista, Presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo, Professor Afiliado da Faculdade de Medicina do Porto; Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Universidade do Porto – CINTESIS) e Alois Schmalwieser (Universidade de Medicina Veterinária de Viena, Áustria).»
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