Que não o que leram
em dissertações;
Tratar dos assuntos terrenos exige
Mais artes do que as dos vossos burocratas.»
Como na geologia, também nas instituições sociais podemos descobrir
as causas de todas as alterações passadas na presente ordem invariável da
sociedade. As maiores revoluções físicas
são obra do ar de pés ligeiros, da água de andar furtivo e do fogo subterrâneo.
Aristóteles disse: «Como o tempo nunca falta e o universo é eterno, nem o
Tánais nem o Nilo correm desde sempre.» Somos independentes das mudanças que
constatamos. Quanto mais longa é a alavanca, menos perceptível é o movimento. A
pulsação mais lenta é a mais vital. O herói saberá quando deve esperar e quando
se deve apressar. Todo o bem morará com aquele que espera sensatamente; alcançaremos a madrugada mais cedo ficando aqui do
que correndo para as colinas a oeste. Estejais certos de que o sucesso de um
homem está em proporção com a sua capacidade média. As flores do prado despontam e florescem onde as águas
depositam anualmente o seu lodo, e não apenas onde sobem. Um homem não é a sua
esperança, nem o seu desespero, nem sequer as suas acções passadas. Não sabemos
ainda o que fizemos, e ainda menos o que fazemos. Esperemos até ao anoitecer e
veremos refulgir partes do trabalho do dia que nem imaginávamos a meio da
jornada, e descobriremos então o sentido real da nossa labuta. Como quando o
agricultor, chegado ao fim do sulco que fez com o arado, olha para trás para ver onde a terra revolvida brilha mais.
[THOREAU, 2018:
156-157]
© PC
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
THOREAU, Henry David. Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack.
Lisboa: Antígona, 2018, pp. 432. ISBN 978-972-608-300-9
Sem comentários:
Enviar um comentário