Qualquer
caminho leva a qualquer parte.
Todo
o caminho passa em todo o mundo.
Em
duas toda a senda se biparte
Em
cada ponto seu, o céu profundo
E
a própria estrada sempre para diante —
Deus e nós, o Eterno e o vagabundo.
Em
mim todo esse céu e a estrada errante
Iguais
estão, em mim Deus, mundo e eu,
Em
mim a estrada, e eu sou o caminhante...
Por
mais que seja todo o passo meu
Não
sai fora de mim, nem o que vejo
E
absolutamente terra ou céu.
Mas
tão meu como um sonho ou um desejo
Salvo
de estar no exterior em mim,
No
ponto em que Deus toco, e
□
Toda
a viagem é em mim, por isso
Por
mais que eu ande só me encontro e vejo
Por
mais que veja no □ maciço
Só
o meu rosto de alma reflectido
Consegue
ver o mundo exterior
Participante
do não ser.
~~
□ Espaço deixado em branco pelo autor
Fernando Pessoa (17/11/1916)
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