As linhas da Terra
Percursos geofilosóficos e geopoéticos no
Antropoceno
Colóquio Internacional
Homenagem a Kenneth White com a sua presença
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa -
21 e 22 de Maio de 2019
A língua que passa pelo mundo, traçando nela linhas, é uma língua aberta à
polifonia que aí ecoa. É atravessada pela polifonia dos elementos que se movem
incessantemente. A polifonia das expressões de milhares de culturas humanas. E
a polifonia dos inúmeros seres que vivem connosco. Todas essas vozes – que
chegaram a participar da língua aqui evocada – entraram hoje em tumulto
enquanto outras foram silenciadas definitivamente. É aquilo a que os humanos
chamam o Antropoceno, a Era em que o homem põe fim à diversidade das expressões
do mundo teorizando ao mesmo tempo a sua própria supremacia.
Cada linha traçada na terra é a marca de uma vida comum e passante. Todos
estamos na Terra, mas a consciência dessa situação pode aí ser escutada pelo
nomadismo assumido por um corpo ou pela palavra que prolonga esse movimento. A
todos os participantes é pedido um certo percurso, partindo de alguma posição
na Terra e, daí, traçando linhas que atravessarão as demarcações estabelecidas
por esquemas de pensamento.
Este encontro é também uma homenagem ao poeta, escritor e pensador Kenneth
White, criador da Geopoética, propondo um exercício de escuta e expressão em
comum com uma variante possível desta língua, a Geofilosofia. Nem o filósofo
está liberto do que de poético lhe trazem as vozes intratáveis da Terra, nem o
poeta se encontra dispensado dos saberes inteligíveis ou da reflexão epistémica
que o seu ofício contém.
«Espaço», «energia» e «luz» são, segundo o próprio, três palavras-chave
deste autor. Sabendo de que modo a civilização recorreu a elas, a pergunta
pertinente não será tanto a de saber o que fizemos delas e das forças que lhes
estão associadas, uma história dos equívocos que nos dispensaram do planeta,
mas antes aquela que se questiona sobre o que nelas permanece ignorado, votado
à inutilidade e, ainda assim, indispensável a uma vida que se redescobre
inteira nesta Terra.
Texto: Comissão Organizadora
PROGRAMA
21 de Maio
14:30 – Abertura
15:00-16:30
Paulo Borges – O Tempo do Sonho. Poesia Cósmica e
Metamorfose nas Culturas Indígenas
Paula Morais – Yoga e os mitos da presença: a dança, a
escuta, a transformação
Pedro Cuiça – Do (a)vistar ao ser (a) Montanha: uma forma
de (geo)poética
16:30-16:45 – Pausa
16.45-17:00 – Apresentação do nº 6
da revista Flauta de Luz, que inclui um dossier «Kenneth
White», pelo editor, Júlio Henriques
17:00-17:30 – Jorge Leandro Rosa – «Não com a língua, mas com a vida». Acontecimento e grito
17:30-19:00 – Kenneth White (conferência) – The Rediscovery of the World / A
Redescoberta do Mundo
19:00-19:30 - Eternal Forest (filme) – apresentação e leitura de poemas pela
cineasta e artista Evgenia Emets
22 de Maio
15:00-16:30
Maria José Varandas – A Tragédia dos Comuns e o Último Homem
Felipe Milanez – Título a indicar
Ilda Castro - Animalia Vegetalia Mineralia: conexões e
movimentos: uma reflexão sobre os sistemas humanos e os sistemas
mais-que-humanos, macro e micro, na Natureza e no Antropoceno-Capitaloceno.
16:30-16:45 – Pausa
16:45-17:45
Alexandra Pinto – Um olhar cinematográfico sobre o Antropoceno
Isabel Alves – My
First Summer in the Sierra e The living Mountain: as
linhas e as vozes da montanha – A demanda de uma geopoética da
esperança
18:00-19:30 – Sur les chemins du Nord profond (52 mn) – Filme realizado por
François Reichenbach e apresentado por Kenneth White, argumentista e
protagonista. De Tokyo a Hokkaïdo, Kenneth White no percurso traçado por Matsuo
Basho. Debate
19:30 – Conclusão
Comissão Científica: Viriato Soromenho-Marques, Paulo Borges,
Jorge Leandro Rosa
Comissão Organizadora: Paulo Borges, Paula Morais, Eduardo
Jordão, Marco Martins
Organização: Seminário Permanente Vita Contemplativa.
Práticas Contemplativas e Cultura Contemporânea – Grupo Praxis do Centro de
Filosofia da Universidade de Lisboa / Centro de Estudos Anglísticos da
Universidade de Lisboa
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