Mãe Natureza, Terra
Viva
A
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa vai acolher, nos próximos dias 14
e 15 de Maio, o colóquio Mãe Natureza, Terra Viva. Mais uma importante
iniciativa do Grupo Praxis/Seminário Permanente Vita Contemplativa dessa faculdade, no
âmbito da ecologia espiritual, ecosofia e ecologia profunda, desta feita
sobre o que fazer perante a crise ambiental. Este colóquio internacional
vai reunir investigadores, artistas e amantes da
Natureza e da Terra, de várias formações, para transmitirem perspectivas alternativas
de resolução da actual crise ambiental, mais além dos «impotentes paliativos» do
ambientalismo convencional.
«Estamos em
pleno Antropoceno, uma idade da Terra marcada pelo inédito impacto das acções
humanas na destruição crescente da Natureza e da biodiversidade, nas alterações
climáticas e no esgotamento e contaminação dos recursos naturais. (…) Constata-se
assim que a abordagem predominante da crise ambiental – com base na filosofia
teórica, nas ciências do ambiente, na ética ambiental antropocêntrica, na
política, na economia e num activismo meramente reactivo – não tem tido, pesem
todos os seus imensos contributos positivos, o efeito necessário, seja nos
centros de decisão, seja na consciência das populações. Não parece, na verdade,
que estas abordagens tenham apontado o fundo da questão, que porventura se
prende com uma percepção fundamentalmente errada da natureza da realidade, em
que o ser humano se vê como separado dos demais seres vivos e do fundo comum
que designa como Terra, Mundo, Vida ou Natureza. A crise ambiental é reflexo da
crise multidimensional da contemporaneidade e pode efectivamente ter a sua
origem radical numa crise de percepção da interdependência e relação profunda
que existe entre tudo e todos, numa distorção ou obscurecimento da consciência,
não reconhecida por muito do ambientalismo ou ecologismo superficial.
Perante isto, cabe investigar o que têm a espiritualidade, as religiões, as tradições contemplativas e religiosas, a ciência holística e a experiência contemplativa e estético-artística, independentemente de qualquer filiação espiritual ou religiosa, a dizer sobre a realidade profunda do que se designa como Natureza e Terra e sobre o sentido da nossa relação com elas. Importa aprender com as tradições e os seres humanos que percepcionam a Natureza como sagrada, como manifestação divina ou Realidade última, importa aprender com as tradições e os seres humanos que, mais do que pretenderem conhecer ou servir-se da Terra, a experienciam como aparição e epifania, no regime do maravilhamento e espanto contemplativos e celebrativos e não na perspectiva fragmentada filosófico-conceptual ou científico-tecnológica. Importa aprender com outras matrizes culturais, que vivem em harmonia com a Natureza e que estão menos contaminadas pelo dualismo sujeito-objecto em vigor no regime de consciência dominante na cultura europeia-ocidental hoje globalizada. É o que se propõem a ecologia espiritual, a ecosofia e a ecologia profunda, por contraste com abordagens mais convencionais e superficiais, que como é natural não estão a fazer parte da solução.»
Perante isto, cabe investigar o que têm a espiritualidade, as religiões, as tradições contemplativas e religiosas, a ciência holística e a experiência contemplativa e estético-artística, independentemente de qualquer filiação espiritual ou religiosa, a dizer sobre a realidade profunda do que se designa como Natureza e Terra e sobre o sentido da nossa relação com elas. Importa aprender com as tradições e os seres humanos que percepcionam a Natureza como sagrada, como manifestação divina ou Realidade última, importa aprender com as tradições e os seres humanos que, mais do que pretenderem conhecer ou servir-se da Terra, a experienciam como aparição e epifania, no regime do maravilhamento e espanto contemplativos e celebrativos e não na perspectiva fragmentada filosófico-conceptual ou científico-tecnológica. Importa aprender com outras matrizes culturais, que vivem em harmonia com a Natureza e que estão menos contaminadas pelo dualismo sujeito-objecto em vigor no regime de consciência dominante na cultura europeia-ocidental hoje globalizada. É o que se propõem a ecologia espiritual, a ecosofia e a ecologia profunda, por contraste com abordagens mais convencionais e superficiais, que como é natural não estão a fazer parte da solução.»
PROGRAMA
14 de Maio
· 9.30 – Abertura
· 10.00-11.30
Joana Miranda – Ressacralização
da Natureza – contributos do shamanismo essencial
Alcide Gonçalves – Para
uma melhor compreensão Homem-Natureza: uma proposta Taoísta
Jorge Moreira – A
Emergência da Ecologia Espiritual
· 11.30-13.00
José Pinheiro Neves –
Das
metatopias urbanas como formas de uma cidade ecosófica
Mafalda Blanc – Viragem
epocal: uma possibilidade para o pensar
Alina Jerónimo – A
Arquitetura como elemento de ligação entre o ser humano e a Natureza
· 14.30-16.00
Alexandra Lima Gonçalves Pinto – Cinema e Consciência: Visões da
Terra
Susana Lourenço – Arte e Consciência: formas de comunicação e
colaboração com a Natureza
Sara Inácio – O pulsar da criação: 20 minutos, 4 desenhos,
1 escultura e 1 prece
· 16.00-17.30
Rui Lomelino de Freitas – Chamados pelo Coração do Mundo: Hermetismo e
a Nova concepção Heliocêntrica da Realidade
Isadora Migliori – Um olhar, a partir da física quântica, sobre
a atual crise ambiental
Bruno Antunes – Enlaces Quânticos. “Quantum entanglement”
& “spooky action at distance” – a introdução da “assombração” na ordem dos
discursos da física subatómica, pela pena de Albert Einstein
· 17.45-18.45
Alexandra Marcelino – Direitos da Natureza e Direitos Humanos. Uma
e a mesma causa (apresentação da
petição do Círculo do Entre-Ser pelo Reconhecimento de Direitos Intrínsecos à
Natureza e a Todos os Seres Vivos)
Maria José Varandas – Esquecimento e memoração. O Papa Francisco e
a conversão ecológica
15 de Maio
· 10.00-11.30
Maria Paula de Vilhena Mascarenhas – Culturas alimentares ecológicas
Maria Luísa Francisco – A Serra Algarvia e as suas dinâmicas
eco-espirituais
João Miguel Louro – Permacultura, da técnica a uma visão
holística da natureza, na abundância
· 11.30-13.00
Cláudia Martins – Yoga e Consciência ecológica: do Áshrama
para o Mundo
Pedro Cuiça – Pedifesto Eco-lógico: passo a passo da
teoria à prática. Não te esqueças
de fazer o pino e, olhando os pés, ver as estrelas…
Isabel Correia – “A Grande Mudança" – Como estar
totalmente presente ao nosso mundo e envolver todos na Transição Climática?
· 15.00-16.30
Paula Morais – O Yoga e o Sámkhya na perspectiva de uma
Ecologia cósmica
Daniel José Ribeiro de Faria – O divino, o humano e a natureza: pistas para
uma espiritualidade cristã ecológica
Fabrizio Boscaglia – Islão e Ecologia
· 16.30-18.00
Daniela Velho – Corpo Consciência
Jorge Leandro Rosa – As facetas de Gaia no colapso e na extinção.
Do mito à metáfora heurística
Paulo Borges – O que é a Terra? Crise Ambiental ou Crise de
Percepção?
· 18.30-19.30
Paulo Borges e Daniela Velho – Apresentação
do livro Os Animais, Nossos Próximos – Antologia do amor humano aos
animais (da Antiguidade a Fernando Pessoa); Edições Mahatma
· 19.30 – Encerramento
INFORMAÇÕES
Organização: Seminário Permanente Vita Contemplativa – Tradições
Contemplativas e Cultura Contemporânea – Grupo Praxis do Centro de Filosofia da
Universidade de Lisboa
Apoio: Círculo do Entre-Ser
Comissão
Organizadora: Paulo
Borges, Fabrizio Boscaglia, Paula Morais e Jorge Moreira
Local:
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – Anfiteatro III
Transportes
Públicos: Metro – Cidade Universitária; Carris – autocarros
731, 735, 738, 755 e 768; TST (Transportes a Sul do Tejo) – Almada-Cidade
Universitária autocarro 176; CP/Fertagus – Entre Campos
Entrada
Livre
Sem comentários:
Enviar um comentário