Pedro Cuiça © Urdax (Navarra, 2017)
Nos compêndios de geografia diz-se: «Este país
é rico, porque tem petróleo, ou carvão, ou ferro.» Um dia depois do ciclo
extractivo, se dirá: «Este país era rico, porque tinha petróleo, ou carvão, ou
ferro.» A indústria não é uma riqueza; é a maneira de gastar a riqueza. Riqueza
só é a economia criadora, que gera bens necessários. A indústria não é uma
economia criadora, mas transformadora. Gasta o que há, transformando-o em
supérfluos. O homem não passa sem o bem nascido da terra; mas pode viver sem os
bens provenientes da indústria. Assim: precisa de proteínas, mas passa bem sem
conservas. A regra particular aplica-se a tudo o mais. O homem precisa de se deslocar, mas passa muito bem sem automóvel.
Quando dizemos homem sabemos o que dizemos, e nele não incluímos o ser urbano,
que, esse, julga que precisa de carro a gasolina, sem saber a razão de ser
homem.
(GOMES, 1985: 16-17)
Talvez seja esta uma das formas de expressar a diferença entre
finança (de finar) e eco-nomia (de
gerir a casa comum; que é, em última instância, o planeta Terra). Por
(des)ventura será este um modo de diferenciar consumir (do latim consumere: destruir) de dominar (no
sentido de boa governança: servir como Senhor), numa perspectiva passível de
ser designada eco-lógica ou eco-sófica? Um recurso finito (como o petróleo) não é o mesmo do que um manancial
renovável (como a água)…
Pedro Cuiça © Urdax (Navarra, 2017)
P.S.: Num contexto de seca, mais ou menos generalizada, no
território de Portugal continental também se torna(rá) evidente que nem aquilo
que é (supostamente) renovável é finito sem limites e menos ainda infinito.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
GOMES, Pinharanda. A Teologia de Leonardo Coimbra.
Lisboa: Guimarães Editores, 1985, pp. 200.
Pedro Cuiça © Urdax (Navarra, 2017)
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