Neste (ainda) mês de Agosto, gostaria apenas de ‘dizer’ aos leitores do, agora quase parado (!), Pedestris que vão dar uma volta… a gostinho. Pouco mais teria a dizer, tendo em conta que tenho andado mais na prática do que para teorias, e assim parecem querer continuar os meus ânimos, não fosse o facto de me apetecer relembrar a pedestrianista excepcional que foi Emma Rowena Gatewood. E não por esta se tratar da primeira mulher a percorrer, em 1955, o Trilho dos Apalaches na íntegra (perto de 3500 km), aos 67 anos de idade, e já seria muitíssimo, mas por se tratar de uma inveterada caminheira minimalista, pioneira das ‘andanças’ ultraleves em trajectos de longo curso. Nessa sua primeira aventura transportou somente, numa sacola de ombro fabricada por ela, um cobertor do exército, uma capa para a chuva, uma muda de roupa e pouco mais. O vestuário era tudo menos especializado e como calçado utilizou umas sapatilhas Keds. A alimentação consistiu essencialmente de carne seca, queijo, nozes e frutos secos, para além das plantas silvestres e outros víveres que obtinha regularmente ao longo do caminho.
Emma Gatewood voltou a percorrer integralmente o Trilho dos Apalaches em 1960 e fê-lo uma outra vez, por troços, em 1963, aos 75 anos de idade, tendo-se tornado, dessa forma, a primeira pessoa a palmilhar esse famoso percurso de longo curso por três vezes. Saliente-se, também, que percorreu os cerca de 3200 quilómetros do Trilho do Oregan, numa média de 35 quilómetros por dia. Por essas e outras razões, tornou-se, sem sequer pensar nisso, numa celebridade das caminhadas, mas o seu legado ultrapassa, em muito, os recordes, que tanto continuam a motivar as actuais mentalidades. O que verdadeiramente importa é o seu estilo de fazer: de forma simples, minimalista e… "a gostinho". Para aqueles que pretendam conhecer a ‘obra’ de Gatewood, recomendo o livro, de Ben Montgomery, Grandma Gatewood’s Walk: The Inspiring Story of the Woman Who Saved the Appalachian Trail (2014).
Vão lá, então, dar a tal voltinha… a gosto. Que mais não seja à Feira do Livro, nem que seja em Setembro! Dizem que: a gosto não cansa!