quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Cantar a terra

[ABRAM, 2007: 175]

O que aconteceu em tempos volta a acontecer muitas outras vezes. O sonho, a vida da imaginação da própria terra, deve ser continuamente renovado, e um homem aborígene, quando caminha ao longo do trilho do Sonho do seu Antepassado, cantando a região para trazê-la à visibilidade, converte-se virtualmente no Antepassado viajante e, assim, a terra com história nasce de novo.
Esta identificação, este sangrar do Tempo dos Sonhos para o aqui e agora, acontece não apenas na Deambulação solitária, mas também, e em especial, durante os rituais colectivos efectuados em sítios especiais do Sonho, rituais em que os encontros e aventuras dos Antepassados nesses locais não só são cantados, mas também postos em cena pelos anciãos.
[ABRAM, 2007: 174]

Pintura: Ray Partridge  © "Uluru - Ceremonial Treks"
Foto: Pedro Cuiça © Messner Mountain Museum Firmian (Tirol do Sul, 14/ Out. 2016)


Referência bibliográfica
ABRAM, David. A Magia do Sensível – Percepção e Linguagem num mundo mais do que humano. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007, pp. 340. ISBN 978-972-31-1184-2

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