quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Dá ECO ao (teu) futuro

 



A última fase de inscrição, em 2024, no Mestrado em Ecologia Humana e Problemas Sociais Contemporâneos começa hoje e estende-se até dia 26 de Agosto, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL). Uma oportunidade única de frequentar um mestrado muitíssimo interessante para aqueles que pretendam estudar as (inter)relações entre os humanos e os contextos bióticos e abióticos do meio em que vivem. A complexidade inerente à componente cultural dos humanos, sem esquecer as suas ligações (inatas) à natureza, assume um papel de primordial importância num mundo cujas alterações climáticas, as ameaças à biodiversidade e a poluição, entre outras variáveis, levantam desafios a que é fundamental dar resposta.

 

Segundo Eugene Odum, o ensaio Man’s Place in Nature, de Thomas Huxley, tipifica a atitude dos biólogos do século XIX perante o “homem” e o seu ambiente. E acrescenta (1988: 816):

 

«Reflectindo a influência do Darwinismo, estes biólogos do passado abordavam o papel do homem na natureza do ponto de vista da sua linhagem ou parentesco natural com os outros organismos. Depois de mais de 50 anos, a ideia do parentesco evolutivo com a natureza começou a ser aceite por uma maioria de pessoas, e a atenção voltou-se, então, para a ideia de ligação natural do homem, ou interdependência ecológica, com o biota, um conceito que hoje se encontra longe de ser universalmente aceite.»

 

Afortunadamente, a ecologia humana foi capaz de adotar uma «perspectiva evolutiva, com a qual se procura explicar como os seres vivos se modificaram e diversificaram ao longo do tempo e os mecanismos que levaram a essa modificação, passando a incluir-se o “homem” no processo evolutivo [das espécies] e, portanto, a considerá-lo parte integrante da biosfera» (Avelar e Pité 1996 in Carvalho 2007: 128). A integração do “homem” na natureza, o reconhecimento de que é natureza, trata-se de um (re)posicionamento concetual de enorme importância e abrangência, designadamente ao abrir caminho para o assumir de uma renovada aliança holística com Gaia: o conceito de Lynn Margulis e James Lovelock (1972), de uma Terra viva, como um sistema fisiológico único e auto-regulado (Lovelock 1996).

Uma das singularidades da ecologia humana, que resulta em parte da sua transdisciplinaridade, consiste na sua abrangência holística que, aliás, partilha com a ecologia geral. Partilha que se estende à abordagem sistémica e ao estudo de assuntos de enorme complexidade, «no que tal significa de variedade, complementaridade, concorrência, incerteza, antinomia» (Carvalho 2007: 133). A importância da transdisciplinaridade, que caracteriza a atual ecologia humana, traduz-se na abrangência de diversas áreas do conhecimento científico, desde a sociologia à psicologia, antropologia, etnografia e filosofia, entre outras. Transdisciplinaridade que não deverá, todavia, ignorar as bases científicas resultantes de ciências naturais como a geologia, a biologia ou a ecologia, entre outras. Eugene Odum, num artigo publicado na revista Science (1975), reforça precisamente a importância de estabelecer a ponte entre as ciências naturais e as ciências sociais (ibid.). E a Ecologia Humana pode e deve ser essa importante ponte.

 



Referências bibliográficas

Carvalho, Francisco. 2007. “Da Ecologia Geral à Ecologia Humana”. Sociológico 17(2): 127-135.

Lovelock, James. 1996. GAIA – A Prática Científica da Medicina Planetar. Lisboa: Instituto Piaget.

Odum, Eugene P.. 1988. Fundamentos de Ecologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 4ª ed..

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