sexta-feira, 21 de março de 2014

Viva...

Porque hoje é Dia da Árvore, Dia Mundial da Floresta e Dia Mundial da Poesia...

Quando vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada,
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro in “Poemas Inconjuntos”


quinta-feira, 20 de março de 2014

To be or not 2 bi?...

...é a questão! Alpinismo bisexual é um pequeno livro no que concerne ao seu tamanho tout court e uma grande obra relativamente ao conteúdo. Do melhor que tenho lido no estilo que se poderia enquadrar naquilo que se convencionou designar “literatura de montanha”. Na verdade, este conjunto de textos dificilmente se enquadra em qualquer definição… Na verdade, Simón Elías Barasoain é um tipo multifacetado, complexo e, por isso, tanto ou mais difícil de definir do que a sua (esta) obra. Segundo Emilio Blaxqi [Guía espiritual de Pepitas], que se encarrega de uma espécie de intróito a Alpinismo bixesual y otros escritos de altura: “Actualmente trata de reorganizar su vida sexual y de escribir com cierta seriedade; también sabe hacer fuego com palitos”. Mais um caso de bibliofagia: devorei-o, em cerca de seis horas, numa viagem entre Madrid (onde o comprei) e Lisboa. Classificação: “do best” :) Aqui ficam alguns “trocitos” para adoçar a boca…

Salir hoy a la montaña es un ejercicio tecnológico que no solo no potencia las habilidades del ser humano sino que las esconde bajo un escudo de máquinas de compleja utilización y elevado precio. En los últimos catorce años han muerto cien guías de montaña franceses mientras esquiaban, escalaban o trabajaban. Una cifra escalofriante para un colectivo que agrupa a mil seiscientos profesionales con el mejor equipamiento. Por eso, pese a las grandes inversiones en investigación y desarrollo, los inventos solo funcionan respaldados por las habilidades con las que el hombre ha recorrido las montañas desde el inicio de la exploración alpina: prudencia, conocimiento, técnica y forma física.” (pp. 69-70)

Durante años hemos ido a la montaña para buscar espacios de libertad. La escalada, el puro ejercicio físico de ascender, era algo anecdótico; lo importante era compartir un vivac con los amigos, comer una pasta que sabía a té del desayuno y compartir un cigarrillo bajo las estrellas, lejos de toda legislación. En la montaña, en la naturaleza salvaje nos alejábamos de las constricciones sociales y crecíamos como personas, como amigos y como comunidad; luego intentábamos implementar esos valores en la vida urbana para hacer de ese mundo violento un lugar más apacible. Finalmente hemos hecho lo contrario. Hemos traído a la naturaleza, la competición, la selección biogenética y los cronómetros. También el respeto a las leyes y la implantación del intercambio comercial como centro de una actividad en la que la felicidad se medía por la cantidad de tierra acumulada en las orejas. Hemos creado un conjunto de reglas inviolables que rigen la vida campestre y que asfixian todo elemento lúdico. Vinimos a buscar espacios de libertad y construimos monstruos normativos. Íbamos a hacer un viaje de escalada y acabamos haciendo turismo de montaña.” (pp. 104-105)

Salir a la montaña, escuchar rock duro y alterar tu estado de consciencia, parece un camino tan normal como otro para el crecimiento personal.” (p. 133)

quarta-feira, 19 de março de 2014

Educação Natural(mente)...


A protecção e, sobretudo, a conservação da natureza adquiriram uma importância crescente, essencialmente a partir da Revolução Industrial (séc. XIX), quando se começou a tomar consciência dos problemas ambientais resultantes de significativos e pertinentes impactes antrópicos. Desde essa altura até ao presente, essa tomada de consciência consubstanciou-se no desenvolvimento de diversas medidas com vista senão à resolução desses problemas pelo menos à tentativa (?) de mitigação dos mesmos. De entre essas medidas destacamos os processos educativos desenvolvidos no âmbito das actividades de ar livre, mormente através da realização de percursos pedestres. No entanto, nessas actividades pedestres, muitas vezes ditas de “interpretação”, confundem-se por vezes diversos conceitos e perspectivas educativas, designadamente a educação ambiental e a educação para o desenvolvimento sustentável.

Educação Ambiental e Sustentabilidade
No “workshop” internacional de Educação Ambiental (EA) organizado, em 1970, pela UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza (hoje União Mundial para a Conservação) foi avançada uma das primeiras definições de EA: “processo que consiste em reconhecer valores e clarificar conceitos com o objectivo de incrementar as atitudes necessárias para compreender e apreciar as inter-relações entre o Homem, a sua cultura e o meio biofísico” (CARAPETO, 1998).
Na Conferência Intergovernamental do Ambiente Humano realizada na Suécia, em 1972, foi elaborada uma recomendação específica sobre EA. A recomendação 96 da “Conferência de Estocolmo” referia que a educação relativa ao ambiente tinha por objectivos “formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas a ele ligados, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de compromisso que lhe permita trabalhar individual e colectivamente na resolução das dificuldades actuais, e impedir que elas se apresentem de novo” (EVANGELISTA, 1992).
No “workshop” sobre EA realizado, em 1975, sob os auspícios da UNESCO foi elaborada a Carta de Belgrado sobre EA. O Conselho da Europa organizou em Haia, também no ano de 1975, o “Seminário Internacional sobre Educação Mesológica num Quadro Urbano e Rural”, que quase coincidiu com o evento de Belgrado. Neste seminário verificou-se que numerosos países não tinham uma noção nítida dos objectivos de uma política de EA (ibidem). Essa constatação revelava que essa tipologia educativa, na altura também designada “educação mesológica”, não estaria na sua globalidade a ser implementada da melhor forma. Dominava então a tendência conservacionista e a simples observação, sendo frágil a articulação dos diversos elementos que deveriam contribuir para a interpretação e, mais importante, a tomada de acções. As ciências da natureza ou a ecologia predominavam na maior parte dos países, porque o sector do ambiente, a nível estatal, estava ainda numa fase incipiente (ibidem). No entanto, será de salientar que um relatório escocês, datado de 1963, já concluía: “A educação mesológica não deve visar unicamente a protecção e ou a salvaguarda da natureza, mas englobar os problemas do ambiente criado pelo homem” (ibidem).
Adstrito aos processos de EA esteve, desde logo, implícita a intenção de empreender acções concretas com vista à resolução ou mitigação dos problemas ambientais. Apesar desse desiderato se encontrar expresso nas definições de EA, em muitos países, incluindo Portugal, as acções educativas circunscreveram-se amiúde à expressão mais simples de mera sensibilização ambiental. A EA constitui, sem dúvida, um processo de reconhecimento de valores e de clarificação de conceitos mas deve visar sobretudo a aquisição de capacidades, comportamentos e atitudes necessárias para abarcar as relações de interdependência entre o Homem, o seu meio cultural e o ambiente (GONÇALVES et al., 2007). Essas características marcadamente intervencionistas foram manifestando uma progressiva importância à medida que os processos de EA foram amadurecendo, tornando-se prioritários sobretudo a partir do momento em que o conceito de desenvolvimento sustentável passou a estar na ordem do dia (após a sua definição pela Comissão Brundtland, 1987). Os aspectos sociais e económicos, inicialmente restritos ou ausentes, passaram a desempenhar um papel cada vez mais importante e os processos de EA a abarcar um espectro temático muito amplo e a envolver um número cada vez maior de elementos, num contexto de interdisciplinaridade.
A educação para a sustentabilidade surge como uma necessidade fundamental de alertar e esclarecer para o caminho que deve ser seguido para melhorar as condições ambientais do planeta, para uma vivência em harmonia com o ambiente (ibidem). Educar para um futuro sustentável, sob este ponto de vista de uma holística interdependência, exigirá a aprendizagem sobre as interacções dos processos ecológicos, mas implica igualmente integrar tanto o estudo dos mercados, como os valores culturais e a tomada de decisões sobre, por exemplo, como diminuir a “pegada ecológica”. Aos cidadãos depara-se o compromisso de aprender a reflectir criticamente sobre o seu lugar no mundo, questionando o que a sustentabilidade significa e implica não só em termos individuais mas também para a comunidade em que estes se inserem, em última análise o vasto condomínio que é a Terra: “pensar global, agir local”. Os princípios orientadores de uma intervenção estratégica no domínio da EA para a sustentabilidade visarão uma cidadania ambiental interveniente.
O ensino-aprendizagem desenvolvido, nomeadamente em contexto escolar, cria decerto habilidades capazes de se transferirem para contextos ambientais, quer seja na escola ou não. Outra maneira pela qual uma primeira aprendizagem permite um desempenho posterior mais eficiente é aquilo a que, adequadamente, se chama transferência não específica ou, com maior exactidão, transferência de princípios e atitudes (BRUNER, 1998).
Relativamente à aplicação do conceito de desenvolvimento sustentável, e concomitantemente à implementação de metodologias de educação para a sustentabilidade, é importante que os formadores estejam seguros do que estão a ensinar. No entanto, tal não é fácil tendo em conta que existem diversas correntes de pensamento, resultado daquilo a que os alemães chamam Weltanschauung – diferentes perspectivas do mundo (SPRINTHALL & SPRINTHALL, 1997). O que tem sido escrito sobre desenvolvimento sustentável não tem colhido consensos na comunidade em geral e na comunidade científica em particular, em especial no que se refere ao significado de “sustentável” (FIGUEIREDO, 2006; GONÇALVES et al., 2007). Esta ambiguidade tem suscitado alguns problemas no que concerne à clarificação de questões de ordem política, filosófica e técnica, que desta forma permanecem por resolver (GONÇALVES et al., 2007). Esta ambiguidade reflecte-se, também, inevitavelmente, nos objectivos educacionais, nos métodos e modelos de ensino, na escolha de elementos para um ensino eficaz e, como não podia deixar de ser, nas próprias políticas educativas.

Conclusão
O conceito de EA tem experimentado uma assinalável evolução ao longo dos tempos. Inicialmente apresentava um carácter quase exclusivamente conservacionista, centrado curiosamente na ecologia enquanto ciência. Nos dias de hoje apresenta duas grandes tendências, ambas marcadamente interdisciplinares e intervencionistas. Uma associada a correntes de pensamento ecocêntricas ou biocêntricas, enquadradas sob a denominação de “ecologia profunda” (deep ecology), e uma outra ligada a concepções antropocêntricas, enquadradas sob a denominação de “ambientalistas” ou de “ecologia superficial” (shallow ecology) (FERRY, 1993; PEPPER, 2000). As primeiras manifestam-se geralmente contra a globalização e o modelo ocidental de progresso, defendendo uma clara ligação à natureza e concepções proteccionistas na linha de um John Muir. As últimas, claramente maioritárias, defendem a construção de um futuro pensado e vivenciado segundo uma lógica de desenvolvimento e progresso. “Neste contexto, a EA é aceite, cada vez mais, como sinónimo de educação para o desenvolvimento sustentável ou educação para a sustentabilidade” (INA, 1989 in GONÇALVES et al., 2007).
As actividades de ar livre em geral e o pedestrianismo em particular, quer na sua praxis habitual quer em acções de âmbito educativo, não deverão ignorar a evolução conceptual e filosófica no que concerne ao Ambiente (melhor seria dizer "Natureza"), designadamente nos domínios da ética e da estética.

(Pedro Cuiça, 2012)



Referências bibliográficas
BRUNER, Jerome – O Processo da Educação. Lisboa: Edições 70, 1998. ISBN 972-44-0976-7
CARAPETO, Cristina – Educação Ambiental. Lisboa: Universidade Aberta, 1998. ISBN 972-674-255-2
EVANGELISTA, João – Razão e Porvir da Educação Ambiental. Lisboa: Instituto Nacional do Ambiente, 1992. ISBN 972-9300-02-X
FERRY, Luc – A Nova Ordem Ecológica. Porto: Edições Asa, 1993. ISBN 972-41-1297-7
FIGUEIREDO, Orlando – A controvérsia na educação para a sustentabilidade: uma reflexão sobre a escola do século XXI. Disponível em http://nonio.eses.pt/interaccoes/artigos/D1.pdf, 2006. [Consult. 2 Abr. 2012]
GONÇALVES, Fernando et al.Actividades Práticas em Ciência e Educação Ambiental. Lisboa: Instituto Piaget, 2007. ISBN 978-972-771-855-9
MORGADO, Fernando; PINHO, Rosa; LEÃO, Fernando – Educação Ambiental – Para um ensino interdisciplinar e experimental da Educação Ambiental. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 2000. ISBN 972-707-274-7
PEPPER, David – Ambientalismo Moderno. Lisboa: Instituto Piaget, 2000. ISBN 972-771-221-5
SPRINTHALL, Norman A. & SPRINTHALL, Richard C. – Psicologia Educacional – Uma Abordagem Desenvolvimentista. Alfragide: McGraw-Hill de Portugal, 1997. ISBN 972-9241-37-6

terça-feira, 18 de março de 2014

Algo (II)...

“ Brilhando como entre erva alpina,
Gencianas azuis desabrochadas e que ninguém possui.”
Aldous Huxley

Os locais de difícil acesso eram tradicionalmente pouco frequentados pelo Homem. No entanto, o grande incremento das actividades de ar livre, que se verificou nas últimas décadas, começa a reflectir-se na qualidade desses sítios de grande riqueza natural e beleza paisagística. Com efeito, a protecção devida à inacessibilidade do terreno já não funciona face ao grande incremento dos desportos de aventura, especialmente quando a construção de (novas) vias de comunicação, por si só, facilitam o acesso. A multiplicidade de actividades de ar livre é estonteante: desportos motorizados, caça e pesca, hidrospeed, canyonig, canoagem, parapente, asa-delta, bicicleta de montanha, marcha e/ou corrida de orientação, espeleologia, escalada, montanhismo, pedestrianismo, percursos equestres, esqui, etc..
Hoje em dia, “não deixar mais que pegadas e não tirar mais que fotografias” é insuficiente face aos problemas de massificação das actividades outdoor. Exigem-se medidas concretas, fundamentadas e eficientes que resolvam o paradoxo de como proteger e simultaneamente promover actividades de ar livre. Torna-se evidente que essas actividades terão de passar por uma ponderação, na perspectiva do que se entende por desenvolvimento sustentável, em que o diálogo entre os diversos intervenientes contribua para uma gestão coerente e equilibrada do património natural.
Actualmente chega-se à conclusão de que cada um de nós desempenha um papel, mais ou menos importante, nas alterações que se processam constantemente no meio: apesar das contribuições individuais serem pequenas ou mesmo insignificantes a sua soma poderá atingir grandes proporções. A massificação dos “terrenos de aventura” origina diversos impactes ambientais: pisoteio, incremento da erosão, ruído, destruição de vegetação, perturbação da fauna, detritos, risco de incêndio, restos de fogueiras, etc..

Pedro Cuiça – adaptado de Guia de Montanha (FCMP/ENM/Campo Base, 2010)

Algo...

...uma questão (ou questões) de ética e de estética:

"Com excepção do amor e da guerra, poucos empreendimentos são iniciados com uma tal entrega, ou por tão grande diversidade de indivíduos ou por uma mistura tão paradoxal de apetite e de altruísmo, como esse conjunto de ocupações conhecido por lazer ou recreio ao ar livre. (…)
O lazer ao ar livre tornou-se um problema conceptualmente identificado nos tempos do primeiro Roosevelt [1858-1919], quando as ferrovias que tinham expulsado o campo da cidade começaram a transportar citadinos, en masse, para o campo. Começou a notar-se que quanto maior o êxodo, mais pequena era a ração per capita de paz, solidão, vida selvagem e beleza paisagística, e mais longínqua a migração capaz de as alcançar.
O automóvel espalhou estes inconvenientes, outrora moderados e localizados, até aos limites extremos das boas estradas – tornando escasso no interior do país algo outrora abundante em qualquer terreola. Mas esse algo tem não obstante que ser encontrado. Como os iões emitidos pelo sol, os que partem aos fins-de-semana irradiam de todas as cidades, gerando calor e fricção à sua passagem. A indústria turística fornece cama e mesa para atrair mais iões, mais depressa, mais longe.
(…) O Homo sapiens já não se contenta com a rotina à sombra da sua própria vinha e figueira; ele verteu no seu depósito de gasolina a força motora armazenada de inúmeras criaturas que aspiram, desde épocas remotas, a abrir caminho, serpenteando, agitadamente através de novas pastagens. Como formiga, ele enxameia os continentes.
(…) As políticas públicas em matéria de recreação ao ar livre são controversas. Cidadãos igualmente conscienciosos afirmam concepções opostas sobre o que essa recreação é, e sobre o que se deveria fazer para conservar os recursos em que se baseia. Assim, a Wilderness Society (Sociedade para a Natureza Selvagem) procura excluir as estradas das zonas do interior remoto, enquanto a câmara do comércio procura multiplicá-las, e ambas o fazem em nome da recreação."

Aldo Leopold – Pensar Como Uma Montanha (Edições Sempre-em-Pé, 2008)

quinta-feira, 13 de março de 2014

A Erva do Diabo

"A erva-do-diabo é apenas um entre um milhão de caminhos. Tudo é um entre um milhão de caminhos (un camino entre cantidades de caminos). Portanto, você deve sempre manter em  mente que um caminho não é mais do que um caminho; se achar que não deve segui-lo, não deve permanecer nele, sob nenhuma circunstância. Para ter uma clareza dessas, é preciso levar uma vida disciplinada. (...) Esse caminho tem um coração? Se tiver, o caminho é bom; se não tiver, não presta. Ambos os caminhos não conduzem a parte alguma; mas um tem coração e o outro não. Um torna a viagem alegre; enquanto você o seguir, será um com ele. O outro o fará maldizer a sua vida. Um o torna forte; o outro o enfraquece."

Carlos Castaneda: A Erva do Diabo



domingo, 9 de março de 2014

Em defesa de caminhos (II)

«(..) Stewart Udall, que gostava de caminhadas, chegou a Secretário do Interior dos Estados Unidos. Sob a sua direcção, foi aprovada em 1968 a lei do Sistema Nacional de Caminhos. Era uma lei ambiciosa e abrangente (em grande parte nunca concretizada). Contemplava a criação de 40 000 quilómetros de novos trilhos para caminhadas em toda a América, a maior parte dos quais nunca foi criada. Todavia, originou o Trilho Pacific Crest e assegurou o futuro do Trilho dos Apalaches, ao torna-lo num parque nacional. Para além do mais, atribuiu fundos, cerca de 170 milhões de dólares desde 1978, para a aquisição de terras privadas para permitir que o trilho fosse rodeado por espaços selvagens. Hoje em dia o trilho passa quase na sua totalidade por áreas naturais protegidas. Só cerca de 34 quilómetros, menos de um por cento da totalidade do trilho, passam por vias públicas, na sua maior parte quando passa por pontes ou por meio de localidades.»

Bill Bryson (1997): Por aqui e por ali – Uma caminhada divertida e irreverente pelo maior trilho do mundo; Lisboa: Bertrand Editora, 2007.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Em defesa de caminhos

A actividade de ar livre designada por “pedestrianismo” – andar a pé ou caminhar – pratica-se preferencialmente em caminhos tradicionais e/ou antigos, e não só pode como deve contribuir para a sua preservação (e.g. estradas romanas, caminhos medievais, itinerários de peregrinação, rotas de transumância, etc.). Nesse contexto, os percursos pedestres balizados através de marcas registadas – Pequenas Rotas e Grandes Rotas – constituem instrumentos privilegiados de conservação do património viário e da própria envolvente por onde decorrem. Nesse particular, os trilhos – os “parentes pobres” dos caminhos – assumem uma relevância especial tendo em conta que, à semelhança do lince da Malcata, poder-se-á dizer que se encontram em vias de extinção!

SALVEMOS OS CAMINHOS HISTÓRICOS E TRADICIONAIS

(D.R.)

quarta-feira, 5 de março de 2014

A marcha...

«La marche à pied a quelque chose qui anime et avive mes idées: je ne puis presque penser quand je reste en place (…)»
  Jean-Jacques Rousseau