Escritores como Thoreau (…) exprimiram o que muitos pensavam no
ensaio Caminhada: “Creio que só consigo preservar a minha saúde e o
meu ânimo se passar pelo menos quatro horas por dia – e costuma ser mais do que
isso – a deambular pelos bosques, nas colinas e nos campos, completamente livre
de todos os compromissos mundanos”. Isto são claramente banhos de floresta
muito antes de a expressão existir. Thoreau viveu em tempos muito mais agrários,
logo, mais ligados aos ciclos e ritmos naturais da floresta. Grande parte dessa
ligação foi-se perdendo à medida que a
nossa consciência cultural foi sendo
cada vez mais moldada pela tecnologia, pela indústria e por uma orientação para
a produtividade. Vivemos num tempo que pede uma renovação da nossa ligação
ancestral às florestas.
[CLIFFORD, 2018: 27]
© Algures na Net
NOTAS
· Os banhos de floresta são por vezes
apelidados de “antiga prática japonesa do Shinrin-youku”. Na realidade, não é
bem assim. Para começar, a expressão não é antiga, foi criada em 1982 por
Tomohide Akiyama, então director da Agência Japonesa da Floresta. A ideia era
desenvolver uma identidade de marca única, associando as visitas às florestas
com o ecoturismo orientado para a saúde e o bem-estar. Mas isso não significa
que os banhos de floresta não tenham raízes ancestrais. [CLIFFORD, 2018: 22]
· Amos Clifford
fundou, em 2012, nos Estados Unidos da América, a Association of Nature and Forest Therapy Guides and Programs – ANFT (Associação de Guias e Programas
Terapêuticos da Natureza e da Floresta).
· Os efeitos terapêuticos
do contacto com a natureza em geral e com as florestas em particular são
sobejamente conhecidos, e ancestralmente intuídos, tendo suscitado um crescente
interesse nas últimas décadas, a par da brutal destruição das áreas naturais selvagens
(wilderness) e suas sucedâneas (sistemas
semi-naturais), da domesticação e desnaturalização dos seres humanos e da
comercialização de praticamente todos os sectores da vivência humana, mormente
das actividades ditas "out-door"!
Pedro Cuiça © Passadiços do Paiva (2018)
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CLIFFORD, M. Amos. O
Guia dos Banhos de Floresta. Alfragide: Lua de Papel, 2018, pp. 176.
ISBN 978-989-23-4255-9
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