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«Existem várias modalidades de Campismo, – atendendo ao meio de
transporte utilizado pelos campistas para se conduzirem às regiões onde desejam
acampar ou para percorrer estas. Não falando no Campismo em esquis, que no
nosso país só é possível na Serra da Estrela e no inverno, e que não é mais,
por assim dizer, do que uma variante do Campismo
pedestre, – os mais utilizados são êste último, o Auto-campismo e o
Ciclo-campismo.
No Auto-campismo, como o nome indica, o campista utiliza-se de um
automóvel, e só dêste ou atrelando-lhe uma roulotte,
– carro de duas ou quatro rodas e de maiores dimensões, que uns querem apenas
para transportar o material e outros como estúdio confortável e elegante onde
viver no campo.
Sinceramente confessamos não ser entusiastas desta modalidade de
Campismo, nem encontrar-lhe as vantagens de qualquer das outras; mas aceitâmo-la,
ainda assim, desde que os seus cultores se não esqueçam nunca de que: – o
automóvel não deve servir-lhes para percorrer as regiões que escolheram, e sim
apenas para os conduzir a estas, ajudando-os a vencer alguns quilómetros de
estrada sem interêsse; não devem fazer-se acompanhar de comodidades da vida
moderna senão até um limite que lhes não impeça um íntimo contacto com a
Natureza; os cobertores e agazalhos abundantes apenas servem para,
preservando-os melhor dos frios mais intensos, lhes permitir gozar em tôda a
sua plenitude a beleza dos crepúsculos campestres. Além disso… «não se confunda
o Auto-campismo com essas roulottes
faustuosas, diante das quais ficam embevecidos os amadores do confôrto. Pela
nossa parte, jámais pensámos em levar para as nossas excursões as pequenas coisas que fazem o bem estar de todos os
dias, grandes dicionários de biblioteca ou os retratos de família, mas tão
simplesmente a família. Essas fantasias ruinosas, de luxo deslumbrante, com
estúdio em madeira das Ilhas, seduzirão alguns milionários igualmente exóticos,
aliás bem depressa aborrecidos das suas viaturas, que apenas podem percorrer as
estradas nacionais, – precisamente as menos seductoras, as menos pitorescas e
as menos numerosas, como todos sabem» (Renaud Icard).
Quanto ao Ciclo-campismo, – êsse aceitâmo-lo melhor e quási o
recomendamos até, porquanto tem já vantagens aproximadas às do pedestrianismo, pois demanda esfôrço
por parte do campista e, uma das maiores alegrias do verdadeiro Campista, que é
também um dos seus mais benéficos efeitos, está em tudo nele ser obtido à custa
de esfôrço. O esfôrço sincero, desejado, livremente aceite e disciplinarmente
realizado, foi sempre, é e será o verdadeiro prazer!
O Campismo pedestre, que
oferece a vantagem educativa de demandar
esfôrço físico e até moral, e que tem ainda a valorizá-lo o facto de constituir
o único meio de percorrer as regiões mais belas, que são precisamente as de acesso
mais difícil, – é a modalidade campista que consideramos a melhor debaixo de
todos os aspectos. «O campismo pedestre
é o desporto fundamental dos amantes da Natureza, o meio mais completo de bem
viajar» (J. Loiseau). Por isso é do seu ponto de vista que partimos para a
organização dêste Manual, e à arte de viajar a pé dedicaremos um outro trabalho,
já em preparação, a que chamaremos «excursionismo».» [NOBRE, 1938: 16-18]
Ver: Algo…
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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