segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Segunda-feira

[DIA DA LUA]

© PC


«Os homens consideram que a acção é outra coisa
Que não o que leram em dissertações;
Tratar dos assuntos terrenos exige
Mais artes do que as dos vossos burocratas.»

Como na geologia, também nas instituições sociais podemos descobrir as causas de todas as alterações passadas na presente ordem invariável da sociedade. As maiores revoluções físicas são obra do ar de pés ligeiros, da água de andar furtivo e do fogo subterrâneo. Aristóteles disse: «Como o tempo nunca falta e o universo é eterno, nem o Tánais nem o Nilo correm desde sempre.» Somos independentes das mudanças que constatamos. Quanto mais longa é a alavanca, menos perceptível é o movimento. A pulsação mais lenta é a mais vital. O herói saberá quando deve esperar e quando se deve apressar. Todo o bem morará com aquele que espera sensatamente; alcançaremos a madrugada mais cedo ficando aqui do que correndo para as colinas a oeste. Estejais certos de que o sucesso de um homem está em proporção com a sua capacidade média. As flores do prado despontam e florescem onde as águas depositam anualmente o seu lodo, e não apenas onde sobem. Um homem não é a sua esperança, nem o seu desespero, nem sequer as suas acções passadas. Não sabemos ainda o que fizemos, e ainda menos o que fazemos. Esperemos até ao anoitecer e veremos refulgir partes do trabalho do dia que nem imaginávamos a meio da jornada, e descobriremos então o sentido real da nossa labuta. Como quando o agricultor, chegado ao fim do sulco que fez com o arado, olha para trás para ver onde a terra revolvida brilha mais.
[THOREAU, 2018: 156-157]

© PC

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
THOREAU, Henry David. Uma Semana nos Rios Concord e Merrimack. Lisboa: Antígona, 2018, pp. 432. ISBN 978-972-608-300-9



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