quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Num outro andar

Na net? ©


12/12 [2017]

Era noite. A minha sombra também levava bastões e movia-se compassadamente ao mesmo ritmo que eu. O ritmo elevado manteve-se numa cadência de quatro passadas/quatro braçadas e duas inalações/uma soprada e ruidosa expiração.
À semelhança da meditação imóvel, aqui a mente também tem o hábito de divagar sob a forma de mil e um pensamentos. E tal como nessa prática estática basta regressar ao foco, se assim se desejar, para contrariar a distracção que naturalmente surge nestas circunstâncias. Mas, ao invés, aqui estamos no domínio do concreto e para nos focarmos basta concentrar-nos no chão que passa rapidamente na nossa direcção, em sentido oposto ao movimento, ademais se desfocarmos o olhar… Nesta prática não nos focamos em objectos imaginários. E se dúvidas houvesse entre o que é o concreto e o imaginário bastaria um tropeção, seguido de queda, para o comprovarmos através do corpinho de encontro ao chão.
Aqui a prática é móvel e bem real, por vezes dolorosamente real. No entanto, esta não se trata de uma caminhada holotrópica, ao diferenciar-se notoriamente do conjunto de especificidades que a caracterizam, apesar de ambas, numa primeira fase, se (con)centrarem no concreto. Aqui estamos noutra espécie de caminhada, num outro andar. Já agora, a concentração no chão que passa é favorecida pelo desfocar do olhar, tal como afirmámos, e por um ângulo de visão de cerca de 45º. E mais não dizemos… «Vão e vejam.»

Pedro Cuiça © Oeiras (12/12/2017)

P.S.: Hoje cheguei de manhã bem cedo ao hospital. Carreguei no botão da senha para o atendimento e saiu-me o E6. Pouco depois ouviu-se um sinal sonoro a indicar o guiché número 6 onde fui atendido. O exame médico seguiu-se na sala 6. E tem isto algum significado? Tem: quer dizer que o atendimento foi rápido, eficaz e correu tudo em boa ordem.

P.P.S.: Não ignoramos, nem olvidamos, a importância da imaginação e da operatividade de base imaginativa… imagética ou imaginal?

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