terça-feira, 1 de maio de 2018

Quem sou?... (II)


«Quem sou, que assim me caminhei sem ser (…)?»
Fernando Pessoa (1930) [in COSTA, 2012: 15]

«Que parte de mim, que eu desconheço, é que me guia? (…) / Passo, mas comigo não passa um eu que há em mim.»
Fernando Pessoa (1917) [in COSTA, 2012: 34]



«No pensamento do poeta, deu-se assim como um movimento que foi mais que um alargamento daquele outro, o da sua nação; mas antes um seu ultrapassamento, numa inversão de perspectiva, surgindo diferente da forma do seu conhecimento, que apreende e pretende conhecer só o real imediato. E procurando somente nele a verdade desejada, por um conhecimento empírico; o que lhe permitirá exercer o seu poder sobre esse real; ideal que foi formulado no clímax da sua história e cultura, pelas palavras do navegador e homem de ciência, Duarte Pacheco: «a experiência, que é madre das coisas, nos desengana e de toda a dúvida nos tira». O movimento cognitivo e a procura do poeta mostra-se efectuada por outros caminhos de conhecimento e visando uma outra finalidade, não científica e pragmática; numa posição à qual este pensamento nacional é habitualmente estranho; pois que ele procura um outro mundo para além do real sensível, ultrapassando este pensamento ao qual um historiador brasileiro, referindo-se aos escritores da época dos descobrimentos, chamou a «cautelosa e pedestre razão lusitana». (Sérgio Buarque da Holanda, Visão do Paraíso.)»
[COSTA, 2012: 20-21]


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
COSTA, Dalila Pereira da. O Esoterismo de Fernando Pessoa. Porto: Lello Editores, 2012, 5ª ed., pp. 256. ISBN 978-972-48-1880-1



Sem comentários:

Enviar um comentário